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Rússia e Geórgia se confrontam
Autoridades da ex-república soviética prenderam cinco militares russos, acusados de espionagem
Tensão entre dois países atinge seu ponto máximo desde que governo pró-EUA assumiu na Geórgia,
após "revolução rosa"
ANDREW OSBORN
DO "INDEPENDENT", EM MOSCOU
Um escândalo de espionagem entre a Rússia e a Geórgia,
sua antiga vassala imperial, assumiu as proporções de situação internacional perigosamente volátil, ontem, levando
as relações entre os dois países
a mergulhar para o nível mais
baixo desde a queda da União
Soviética.
A confusão começou quando
a Geórgia prendeu quatro oficiais do Exército russo e um
militar subalterno sob a acusação de formarem uma rede de
espionagem que teria por objetivo enfraquecer o governo
pró-ocidental da Geórgia. Moscou rejeitou as acusações e ontem exigiu a libertação de seus
oficiais, descrevendo as ações
da Geórgia como "ultraje total".
A Rússia convocou de volta seu
embaixador na Geórgia, iniciou
a retirada de oficiais e de suas
famílias do país e parou de emitir vistos de entrada na Rússia a
cidadãos georgianos.
Tremendo de raiva, o ministro da Defesa russo, Sergei Ivanov, falou à televisão estatal sobre um incidente separado no
qual, afirmou, sete soldados
russos foram brutalmente espancados por policiais georgianos, num ataque gratuito. "Estes atos constituem uma tentativa aberta de provocar, com
uma histeria que é costumeira
entre a liderança georgiana, a
Federação Russa a iniciar uma
ação inapropriada", disse Ivanov, visto como um dos possíveis sucessores de Vladimir Putin na Presidência.
Moscou disse que vai levar o
caso ao Conselho de Segurança
da ONU e qualificou a Geórgia
de "Estado bandido".
A Rússia tem duas bases militares na Geórgia, resquícios da
era soviética. Ambas têm fechamento previsto para 2008. O
presidente georgiano, Mikhail
Saakashvili, que estudou nos
EUA, fez pouco caso da reação
de Moscou, qualificando-a de
"histeria". Autoridades mostraram documentais que, afirmam, demonstram que os russos detidos eram espiões.
O escândalo se segue à detenção em massa de políticos oposicionistas acusados de tramar
um golpe de Estado contra Saakashvili com o apoio de Moscou. As relações da Rússia com
a Geórgia vêm se deteriorando
desde que Saakashvili chegou
ao poder na chamada "revolução rosa", em 2003, prometendo afastar o país da órbita da
Rússia. Desde então, o presidente provocou a ira de Moscou por tentar fazer seu país
entrar para a Otan, a aliança
militar ocidental, e por procurar retomar o controle de duas
regiões rebeldes -a Ossétia do
Sul e a Abkházia- dominadas
por forças pró-russas. A Rússia
o castigou deixando de comprar vinho e água mineral da
Geórgia e oferecendo apoio às
regiões rebeldes.
O presidente do Conselho da
Federação (a câmara superior
do Parlamento russo), Sergei
Mironov, avisou ontem que a
disputa que está tomando forma pode conduzir a uma guerra, na medida em que nacionalistas exigirem que a Rússia endureça em relação ao país.
Tradução de CLARA ALLAIN
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