São Paulo, terça-feira, 29 de setembro de 2009

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Irã testa mísseis que chegariam a Israel

Exercícios acontecem em meio a ampliação de tensão entre Ocidente e Teerã após revelação de uma nova usina nuclear

EUA, Reino Unido e França dizem que testes, definidos por governo iraniano como "de caráter preventivo por natureza", são provocação

DA REDAÇÃO

O Irã realizou ontem testes com alguns de seus mísseis de mais longo alcance -capazes até de atingir Israel-, em mais um capítulo da escalada das tensões entre Teerã e as potências do Ocidente, que criticaram a demonstração de força.
A rodada de exercícios com projéteis começou anteontem -quando Teerã disparou mísseis de curto e médio alcance-, dois dias depois de ter sido revelada ao público a construção de uma instalação nuclear iraniana na cidade de Qom.
Líderes das potências mundiais acusaram o país de manter a base secretamente e exigiram que o Irã permitisse a abertura da usina de enriquecimento de urânio para inspeção internacional.
Em resposta, Teerã afirmou que o programa é legal, já que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tinha sido informada com a antecedência adequada, e deu sinais de que autorizaria inspeções.
Ontem, a Chancelaria iraniana rechaçou uma ligação entre os eventos e disse que o "exercício militar tem caráter preventivo por natureza".
Os testes são um novo ingrediente para a reunião desta quinta entre o Irã e o P5+1 (grupo que reúne França, EUA, Reino Unido, China, Rússia e Alemanha), em Genebra. No encontro, será discutido o programa nuclear iraniano.
O Ocidente havia ameaçado o Irã com mais sanções, e o presidente dos EUA, Barack Obama, que tem tropas em operações no Iraque e no Afeganistão, não descartou usar a força militar contra o país.
Os mísseis, testados com sucesso ontem, são versões aperfeiçoadas dos projéteis iranianos Shahab-3 e Sajjil. Ambos são capazes de carregar ogivas e podem percorrer até 2.000 km. Segundo os padrões técnicos internacionais, os mísseis que percorrem essa distância são classificados como de "médio alcance" (de 1.000 km a 3.000 km), mas podem atravessar distância longa o suficiente para, a partir do Irã, atingir qualquer alvo no Oriente Médio -incluindo Israel- e alguns países do Leste Europeu.
A demonstração foi feita pela Guarda Revolucionária, que controla o programa de mísseis do país, e foi transmitida pela TV estatal do Irã.
"Os mísseis iranianos conseguem atingir o alvo em qualquer lugar que ameaçar o Irã", disse Abdollah Araqi, oficial da Guarda Revolucionária, à agência de notícias iraniana Fars.

Reações internacionais
Em Israel, onde era feriado do Yom Kippur, o governo não quis se pronunciar a respeito. Mas as potências ocidentais se apressaram em condenar os exercícios militares.
EUA, Reino Unido e França qualificaram os testes como "provocativos" e voltaram a exigir que as recém-descobertas instalações nucleares sejam abertas a inspeções. Segundo a chanceler dos EUA, Hillary Clinton, as últimas ações de Teerã o colocam em posição de sofrer punições mais pesadas.
Ainda segundo a Chancelaria dos EUA, Pequim mostrou pela primeira vez que apoia, em parte, a "abordagem dura" dos americanos. A China era o único país com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU que se opunha firmemente a sanções mais fortes ao Irã.
"Nunca houve um consenso internacional tão forte para dirigir ao Irã sobre seu programa nuclear quanto agora", disse o porta-voz da Casa Branca.
O chefe da diplomacia da União Europeia, Javier Solana, disse que o encontro desta quinta do P5+1 com o Irã se dará "em um novo contexto".
Já a Rússia, antes mais próxima ao Irã, se mostrou preocupada com as ações e pediu calma e prudência. Na semana passada, o país tinha dado sinais de que poderia tomar uma posição mais dura sobre o programa nuclear iraniano.


Com agências internacionais


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