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Irã testa mísseis que chegariam a Israel
Exercícios acontecem em meio a ampliação de tensão entre Ocidente e Teerã após revelação de uma nova usina nuclear
EUA, Reino Unido e França dizem que testes, definidos por governo iraniano como "de caráter preventivo por natureza", são provocação
DA REDAÇÃO
O Irã realizou ontem testes
com alguns de seus mísseis de
mais longo alcance -capazes
até de atingir Israel-, em mais
um capítulo da escalada das
tensões entre Teerã e as potências do Ocidente, que criticaram a demonstração de força.
A rodada de exercícios com
projéteis começou anteontem
-quando Teerã disparou mísseis de curto e médio alcance-,
dois dias depois de ter sido revelada ao público a construção
de uma instalação nuclear iraniana na cidade de Qom.
Líderes das potências mundiais acusaram o país de manter a base secretamente e exigiram que o Irã permitisse a
abertura da usina de enriquecimento de urânio para inspeção
internacional.
Em resposta, Teerã afirmou
que o programa é legal, já que a
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tinha sido
informada com a antecedência
adequada, e deu sinais de que
autorizaria inspeções.
Ontem, a Chancelaria iraniana rechaçou uma ligação entre
os eventos e disse que o "exercício militar tem caráter preventivo por natureza".
Os testes são um novo ingrediente para a reunião desta
quinta entre o Irã e o P5+1 (grupo que reúne França, EUA, Reino Unido, China, Rússia e Alemanha), em Genebra. No encontro, será discutido o programa nuclear iraniano.
O Ocidente havia ameaçado o
Irã com mais sanções, e o presidente dos EUA, Barack Obama,
que tem tropas em operações
no Iraque e no Afeganistão, não
descartou usar a força militar
contra o país.
Os mísseis, testados com sucesso ontem, são versões aperfeiçoadas dos projéteis iranianos Shahab-3 e Sajjil. Ambos
são capazes de carregar ogivas e
podem percorrer até 2.000 km.
Segundo os padrões técnicos
internacionais, os mísseis que
percorrem essa distância são
classificados como de "médio
alcance" (de 1.000 km a 3.000
km), mas podem atravessar
distância longa o suficiente para, a partir do Irã, atingir qualquer alvo no Oriente Médio
-incluindo Israel- e alguns
países do Leste Europeu.
A demonstração foi feita pela
Guarda Revolucionária, que
controla o programa de mísseis
do país, e foi transmitida pela
TV estatal do Irã.
"Os mísseis iranianos conseguem atingir o alvo em qualquer lugar que ameaçar o Irã",
disse Abdollah Araqi, oficial da
Guarda Revolucionária, à agência de notícias iraniana Fars.
Reações internacionais
Em Israel, onde era feriado
do Yom Kippur, o governo não
quis se pronunciar a respeito.
Mas as potências ocidentais se
apressaram em condenar os
exercícios militares.
EUA, Reino Unido e França
qualificaram os testes como
"provocativos" e voltaram a
exigir que as recém-descobertas instalações nucleares sejam
abertas a inspeções. Segundo a
chanceler dos EUA, Hillary
Clinton, as últimas ações de
Teerã o colocam em posição de
sofrer punições mais pesadas.
Ainda segundo a Chancelaria
dos EUA, Pequim mostrou pela
primeira vez que apoia, em parte, a "abordagem dura" dos
americanos. A China era o único país com assento permanente no Conselho de Segurança da
ONU que se opunha firmemente a sanções mais fortes ao Irã.
"Nunca houve um consenso
internacional tão forte para dirigir ao Irã sobre seu programa
nuclear quanto agora", disse o
porta-voz da Casa Branca.
O chefe da diplomacia da
União Europeia, Javier Solana,
disse que o encontro desta
quinta do P5+1 com o Irã se dará "em um novo contexto".
Já a Rússia, antes mais próxima ao Irã, se mostrou preocupada com as ações e pediu calma e prudência. Na semana
passada, o país tinha dado sinais de que poderia tomar uma
posição mais dura sobre o programa nuclear iraniano.
Com agências internacionais
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