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MISSÃO NO HAITI
Fora do poder desde fevereiro, ex-presidente é acusado pelo governo haitiano de incitar onda de violência
Amorim defende diálogo com Aristide
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chanceler brasileiro, Celso
Amorim, disse ontem que o ex-presidente do Haiti Jean-Bertrand
Aristide terá um papel na reconstrução do país. "O ex-presidente
Aristide é uma força importante
no processo de reconciliação",
afirmou Amorim.
Aristide, que deixou a Presidência do Haiti em fevereiro, após
violentos protestos pelo país, se
encontra hoje na África do Sul.
No exílio, passou a dizer que havia sido deposto por ação dos
EUA. A África do Sul ainda o reconhece como presidente haitiano. Ele permanece no país como
convidado oficial do governo.
Ontem, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e Amorim receberam a chanceler da África do Sul,
Nkozasana Dlamini Zuma. Um
dos principais assuntos foi o Haiti.
Questionada se trazia alguma
mensagem de Aristide ao governo brasileiro, Zuma respondeu:
"A vontade do presidente Aristide, seja qual for o desfecho no
Haiti, é que haja eleições livres e
justas para que o povo possa escolher seus representantes".
Amorim, em seguida, afirmou
que essa era a mesma vontade do
governo brasileiro. O Brasil é o
país que lidera a força de paz da
ONU no Haiti.
Segundo o ministro, a missão
brasileira envolve três temas: a segurança, a reconstrução econômica do país e a busca de uma reconciliação política.
Para tentar criar um clima político mais estável no país caribenho, Lula enviará na semana que
vem o seu assessor para assuntos
internacionais, Marco Aurélio
Garcia, a Porto Príncipe. O objetivo é buscar o diálogo entre as diferentes facções de poder no país.
O governo brasileiro enviou na
semana passada o especialista em
relações internacionais Ricardo
Seitenfus para atuar como mediador político em colaboração com
a ONU. Ele deve ficar no Haiti por
mais duas semanas.
O ministro não quis dar detalhes de como seria a participação
do ex-presidente no processo. Indicou, no entanto, que isso pode
acontecer sem a presença física de
Aristide no Haiti. Garcia também
afirmou que procurará o ex-presidente, caso julgue necessário.
O país caribenho vive no momento um clima tenso. Desde o final de setembro, partidários de
Aristide vêm sendo acusados de
promover uma onda de violência
na capital haitiana que já deixou
mais de 60 mortos e provocou
confrontos quase diários com a
missão brasileira -um soldado
ficou levemente ferido. O governo
haitiano acusa o ex-presidente de
incentivar a violência do exílio.
No último dia 2, o governo haitiano prendeu três líderes pró-Aristide quando participavam de
uma entrevista numa rádio, acusados de promover atos violentos.
Amorim tem cobrado o envio
de mais tropas da ONU para
apoiar as forças de paz. Ele também reclama do excesso de burocracia para conseguir liberar recursos para a reconstrução.
Colaborou a Redação
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