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ELEIÇÃO NA ARGENTINA /A PRESIDENTA
Apuração indica vitória de Cristina
Números confirmam boca-de-urna; senadora e primeira-dama deve se tornar primeira mulher eleita presidente no país
Muito antes do resultado oficial, Cristina comemora sua eleição; Elisa Carrió e ex-ministro Roberto Lavagna disputam o segundo lugar
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES
O início das apuração dos votos da eleição argentina confirmava, na madrugada de hoje, o
favoritismo de Cristina Fernández de Kirchner. A senadora e primeira-dama deve tornar-se a primeira mulher a ser
eleita presidente da Argentina.
Com 37,47% das urnas apuradas, Cristina tinha às 0h20 de
hoje (1h20 de Brasília) 43,1%
dos votos e estava em tendência de alta, porque ainda haviam sido computados poucos
votos da Província de Buenos
Aires, maior colégio eleitoral da
Argentina e onde sua candidatura era mais forte.
O segundo lugar era disputado pela ex-deputada Elisa Carrió, com 20,5%, e por Roberto
Lavagna, ex-ministro da Economia de Kirchner, com 19,4%.
Ao contrário de Lavagna, Carrió ainda não havia reconhecido a derrota até o fechamento
desta edição. As pesquisas de
boca-de-urna previram, com
unanimidade, a vitória de Cristina com 46% dos votos.
Os 42,9% já seriam suficientes para que Cristina vencesse
no primeiro turno, já que a
Constituição argentina garante
ao candidato vitória se alcança
mais de 45% dos votos ou supera 40% e tem vantagem superior a dez pontos sobre o segundo colocado.
Cristina deve se tornar a partir de 10 de dezembro deste ano
a 42ª presidente da história argentina (e a 55ª a comandar o
país se considerados os ditadores de diferentes períodos). Será também a segunda mulher a
ocupar o cargo -Maria Estela
Martínez de Perón, a Isabelita,
foi eleita vice-presidente em
1973 e governou o país de 1974
a 1976, após a morte de Juan
Domingo Perón. O mandato irá
até 2011.
Em outro fato inédito, Cristina deverá ser a primeira mulher a receber a faixa da Presidência das mãos de um marido
vivo, o presidente Néstor
Kirchner. Ela deve chegar à Casa Rosada com muito mais poder do que seu marido tinha ao
alcançar o cargo em 2003 -os
analistas políticos coincidiam
em apontar que o governo havia conseguido a maioria absoluta no Congresso.
A vitória de Cristina foi contestada pela oposição, que denunciou o sumiço de cédulas de
seus candidatos das cabines de
votação.
O discurso
Ao reivindicar a vitória, Cristina pregou a "conciliação" em
discurso de 21 minutos no hotel
Intercontinental, no centro de
Buenos Aires. Acompanhada
do marido, convocou a Argentina a construir "um novo tecido
social e institucional" a partir
de "um esforço conjunto de todos". "É uma tarefa conjunta,
qualquer que seja a cor política
dos envolvidos."
Cristina disse que houve uma
diferença de cerca de 20 pontos
entre sua votação e a do segundo colocado -a maior desde a
redemocratização do país, em
1983, já que antes a maior vantagem fora a de Carlos Menem
sobre José Bordon (16 pontos),
em 1995. Ela disse, porém, que
isso "só aumenta a responsabilidade e a obrigação" do eleito.
Ela também mostrou agradecimento a Kirchner. "Ao homem que hoje me acompanha e
que foi meu companheiro de
toda a vida, lhe tocou assumir a
Presidência em circunstâncias
muito diferentes. Desde 25 de
maio de 2003, avançamos muito. Crescemos, reposicionamos
o país, começamos um combate
sem trégua contra a pobreza, o
desemprego e todos aqueles
males que tanta dor trouxeram
aos argentinos."
O momento em que foi mais
aplaudida foi ao referir-se ao
caráter histórico de o país ter
uma mulher na Presidência.
"Sinto uma dupla responsabilidade, não só como membro de
um espaço político que conduz
os destinos do país, mas sei que
tenho uma imensa responsabilidade pelo gênero."
Antes do discurso, iniciado às
21h55 (22h55 em Brasília),
Cristina e Kirchner mantiveram reunião com assessores
para analisar os resultados da
eleição. Enquanto isso, do lado
de fora do hotel, partidários de
Cristina já comemoravam, com
bandeiras e bumbos.
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