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Economistas esperam minipacote para conter inflação antes da posse do eleito
DO ENVIADO A BUENOS AIRES
Setores empresariais e economistas argentinos esperam
medidas econômicas emergenciais no período pós-eleitoral.
O objetivo será tentar conter a
deterioração do quadro inflacionário. Confirmado o favoritismo de Cristina Kirchner, a
expectativa é que seu marido,
Néstor Kirchner, faça boa parte
do "trabalho sujo" antes da posse da mulher, prevista para 10
de dezembro.
Na semana passada, o Banco
Central argentino teve de entrar no mercado diariamente
vendendo dólares para conter a
valorização da moeda norte-americana. Mesmo assim, o dólar abriu a semana cotado a 3,16
pesos e fechou o período a 3,20.
"Eles não me pegam mais. O
dinheiro que tenho ou está em
tijolo (imóvel) ou em dólares",
afirma, por exemplo, Horacio
Meguira, diretor da CTA (Central de Trabalhadores da Argentina), referindo-se à desconfiança de que haverá um pacote pós-eleição.
Durante todo o processo eleitoral, Kirchner manipulou
abertamente os índices oficiais
de inflação. O Indec (o IBGE local) aponta uma inflação oficial
de 8% em 12 meses, mas, na
prática, os preços subiram mais
de 20%. Cristina afirmou que
determinaria uma revisão na
metodologia de cálculo da inflação caso fosse eleita.
A inflação argentina ocorre
por excesso de demanda e falta
de oferta de produtos. A economia vem crescendo entre 6% e
8% ao ano desde 2003. Mas não
tem conseguido novos investimentos proporcionais à ampliação do consumo.
A indústria local chegou ao limite de sua capacidade. Em setembro, as fábricas alcançaram
78,7% de utilização de sua capacidade instalada, o maior nível desde 1984.
Todos os indicadores econômicos melhoraram durante os
anos Kirchner. O desemprego
caiu de 20% para menos de
10%; e a pobreza, de 50%, para
28%. Mas a inflação voltou com
força como resultado de um aumento real (acima dos preços)
de mais de 103% na massa salarial (total de salários pagos em
um ano) e de 36% nos salários.
Ao mesmo tempo, o governo
ampliou em 45% os gastos no
ano eleitoral.
Como a oferta de produtos
(mesmo com mais importações) não seguiu o mesmo ritmo da expansão do dinheiro
em circulação, os preços passaram a subir.
A própria proposta de Orçamento para 2008 enviada por
Kirchner ao Congresso já inclui
medidas de ajuste, como um
aumento menor dos gastos estatais, mais superávit primário
para pagar juros da dívida pública e contenção das aposentadorias e salários do funcionalismo por pelo menos um ano.
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