São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Economistas esperam minipacote para conter inflação antes da posse do eleito

DO ENVIADO A BUENOS AIRES

Setores empresariais e economistas argentinos esperam medidas econômicas emergenciais no período pós-eleitoral. O objetivo será tentar conter a deterioração do quadro inflacionário. Confirmado o favoritismo de Cristina Kirchner, a expectativa é que seu marido, Néstor Kirchner, faça boa parte do "trabalho sujo" antes da posse da mulher, prevista para 10 de dezembro.
Na semana passada, o Banco Central argentino teve de entrar no mercado diariamente vendendo dólares para conter a valorização da moeda norte-americana. Mesmo assim, o dólar abriu a semana cotado a 3,16 pesos e fechou o período a 3,20.
"Eles não me pegam mais. O dinheiro que tenho ou está em tijolo (imóvel) ou em dólares", afirma, por exemplo, Horacio Meguira, diretor da CTA (Central de Trabalhadores da Argentina), referindo-se à desconfiança de que haverá um pacote pós-eleição.
Durante todo o processo eleitoral, Kirchner manipulou abertamente os índices oficiais de inflação. O Indec (o IBGE local) aponta uma inflação oficial de 8% em 12 meses, mas, na prática, os preços subiram mais de 20%. Cristina afirmou que determinaria uma revisão na metodologia de cálculo da inflação caso fosse eleita.
A inflação argentina ocorre por excesso de demanda e falta de oferta de produtos. A economia vem crescendo entre 6% e 8% ao ano desde 2003. Mas não tem conseguido novos investimentos proporcionais à ampliação do consumo.
A indústria local chegou ao limite de sua capacidade. Em setembro, as fábricas alcançaram 78,7% de utilização de sua capacidade instalada, o maior nível desde 1984.
Todos os indicadores econômicos melhoraram durante os anos Kirchner. O desemprego caiu de 20% para menos de 10%; e a pobreza, de 50%, para 28%. Mas a inflação voltou com força como resultado de um aumento real (acima dos preços) de mais de 103% na massa salarial (total de salários pagos em um ano) e de 36% nos salários. Ao mesmo tempo, o governo ampliou em 45% os gastos no ano eleitoral.
Como a oferta de produtos (mesmo com mais importações) não seguiu o mesmo ritmo da expansão do dinheiro em circulação, os preços passaram a subir.
A própria proposta de Orçamento para 2008 enviada por Kirchner ao Congresso já inclui medidas de ajuste, como um aumento menor dos gastos estatais, mais superávit primário para pagar juros da dívida pública e contenção das aposentadorias e salários do funcionalismo por pelo menos um ano.

Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Artigo: Ganhou o legado de Kirchner
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.