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Sindicalista deve conquistar espaço
Hugo Moyano, presidente da maior central sindical argentina, desponta como estrela da coalizão governista
Governador de Buenos
Aires, Daniel Scioli,
também será crucial na
sustentação do governo
após morte de Kirchner
DE BUENOS AIRES
Estrela da coalizão de movimentos sociais que sustentam o kirchnerismo, o sindicalista Hugo Moyano desponta como um personagem
com ainda mais força política
após a morte do ex-presidente Néstor Kirchner.
Como comandante da
CGT, maior central sindical
argentina, Moyano controla
quase 10 milhões de afiliados
e consegue encher estádios
de futebol ao convocar os trabalhadores.
Apesar de contar com o
apoio do dirigente, Kirchner
considerava as ambições de
Moyano uma ameaça para
seu projeto político.
Anteontem, o sindicalista
reafirmou seu apoio ao governo e disse que agora trabalhará pela reeleição da
presidente Cristina Kirchner.
No entanto, desde que assumiu a presidência do Partido Justicialista (peronista) da
Província de Buenos Aires,
Moyano vem declarando que
"chegou a hora dos trabalhadores".
"Os exemplos no mundo
mostram que somos responsáveis quando chegamos ao
governo. Acho necessário
que um homem do movimento operário tenha a oportunidade de conduzir o
país", disse ele à Folha em
entrevista exclusiva há duas
semanas.
Ele recusa, no entanto, a
comparação de que seria
uma espécie de "Lula argentino", dizendo que a hora dos
trabalhadores chegarem ao
poder não é necessariamente
a sua própria hora.
Aos que o acusam de ser
chapa-branca, responde que
a relação com a Casa Rosada
é definida como de "coerência e não submissão".
"Não há nada de mal em
apoiar um governo que melhora as condições de vida
dos trabalhadores. O mal é
ser submisso, puxa-saco dos
governos que ditavam leis
contra os trabalhadores, como [o ex-presidente] Carlos
Menem fez nos anos 90",
afirma ele.
O sindicalismo de Moyano
deve ser, ao lado de movimentos como o das Mães da
Praça de Maio e o dos piqueteiros (que reúne desempregados) um dos pilares políticos de Cristina, agora sem
Néstor Kirchner.
A presidente não anunciou se disputará a reeleição,
daqui a um ano. Sem Néstor
Kirchner no cenário, uma série de figuras do peronismo e
da oposição deve disputar o
espaço político.
FIGURAS ASCENDENTES
Se Moyano representa a
sustentação social, Daniel
Scioli, governador da Província de Buenos Aires, ganha
força como pilar político do
kirchnerismo.
Amigo do casal, sucederá
o ex-presidente na presidência do Partido Justicialista.
Poderá ser o candidato do governo à Presidência.
Duas figuras dissidentes
do governismo também devem ganhar força: o ex-presidente Eduardo Duhalde
(2002-03), que pretende voltar ao poder, e o atual vice-presidente argentino, Júlio
Cobos, da União Cívica Radical, que rompeu com a Casa
Rosada após uma greve de
produtores rurais, no início
do governo.
O principal quadro pertencente a um partido da oposição é o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, do PRO
(Proposta Republicana, centro-direita).
Ex-presidente do popular
clube de futebol Boca Juniors, Macri já deu a entender que disputará a Casa Rosada no ano que vem.
(GUSTAVO HENNEMANN)
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