São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2010

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Sindicalista deve conquistar espaço

Hugo Moyano, presidente da maior central sindical argentina, desponta como estrela da coalizão governista

Governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, também será crucial na sustentação do governo após morte de Kirchner

DE BUENOS AIRES

Estrela da coalizão de movimentos sociais que sustentam o kirchnerismo, o sindicalista Hugo Moyano desponta como um personagem com ainda mais força política após a morte do ex-presidente Néstor Kirchner.
Como comandante da CGT, maior central sindical argentina, Moyano controla quase 10 milhões de afiliados e consegue encher estádios de futebol ao convocar os trabalhadores.
Apesar de contar com o apoio do dirigente, Kirchner considerava as ambições de Moyano uma ameaça para seu projeto político.
Anteontem, o sindicalista reafirmou seu apoio ao governo e disse que agora trabalhará pela reeleição da presidente Cristina Kirchner.
No entanto, desde que assumiu a presidência do Partido Justicialista (peronista) da Província de Buenos Aires, Moyano vem declarando que "chegou a hora dos trabalhadores".
"Os exemplos no mundo mostram que somos responsáveis quando chegamos ao governo. Acho necessário que um homem do movimento operário tenha a oportunidade de conduzir o país", disse ele à Folha em entrevista exclusiva há duas semanas.
Ele recusa, no entanto, a comparação de que seria uma espécie de "Lula argentino", dizendo que a hora dos trabalhadores chegarem ao poder não é necessariamente a sua própria hora.
Aos que o acusam de ser chapa-branca, responde que a relação com a Casa Rosada é definida como de "coerência e não submissão".
"Não há nada de mal em apoiar um governo que melhora as condições de vida dos trabalhadores. O mal é ser submisso, puxa-saco dos governos que ditavam leis contra os trabalhadores, como [o ex-presidente] Carlos Menem fez nos anos 90", afirma ele.
O sindicalismo de Moyano deve ser, ao lado de movimentos como o das Mães da Praça de Maio e o dos piqueteiros (que reúne desempregados) um dos pilares políticos de Cristina, agora sem Néstor Kirchner.
A presidente não anunciou se disputará a reeleição, daqui a um ano. Sem Néstor Kirchner no cenário, uma série de figuras do peronismo e da oposição deve disputar o espaço político.

FIGURAS ASCENDENTES
Se Moyano representa a sustentação social, Daniel Scioli, governador da Província de Buenos Aires, ganha força como pilar político do kirchnerismo.
Amigo do casal, sucederá o ex-presidente na presidência do Partido Justicialista. Poderá ser o candidato do governo à Presidência.
Duas figuras dissidentes do governismo também devem ganhar força: o ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-03), que pretende voltar ao poder, e o atual vice-presidente argentino, Júlio Cobos, da União Cívica Radical, que rompeu com a Casa Rosada após uma greve de produtores rurais, no início do governo.
O principal quadro pertencente a um partido da oposição é o prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, do PRO (Proposta Republicana, centro-direita).
Ex-presidente do popular clube de futebol Boca Juniors, Macri já deu a entender que disputará a Casa Rosada no ano que vem.
(GUSTAVO HENNEMANN)


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