São Paulo, sexta-feira, 29 de outubro de 2010

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Chefe de espiões aparece e nega tortura

Pela primeira vez em cem anos, responsável pelo Serviço Secreto do Reino Unido surge em público para discurso

John Sawers, o agente "C", falou em resposta a denúncias sobre abusos e conivência de tropas britânicas em guerras

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

John Sawers, o chefe do Serviço Secreto Britânico, conhecido como MI6, discursou ontem negando a prática de tortura por seus agentes e ressaltando a importância de informações secretas não serem vazadas pela imprensa.
Foi a primeira vez em mais de cem anos de existência do MI6 que um de seus diretores fez uma aparição pública. Ele discursou para jornalistas.
A mensagem era uma resposta a denúncias recentes, vazadas pelo site WikiLeaks e pelo jornal "Guardian", sobre negligência em relação a tortura e supostos casos de assassinatos de civis cometidos por tropas britânicas, no Iraque e no Afeganistão.
Ele também usou o discurso para responder a deputados britânicos que questionaram a Justiça sobre o nível de envolvimento de oficiais da inteligência britânica em episódios de tortura ocorridos após o 11 de Setembro.
Além de negar a tortura, Sawers, conhecido pelo codinome "C" -apelido dado a todos os diretores da MI6-, também disse que a espionagem é necessária para conter "ameaças terroristas crescentes, como a proliferação nuclear do Irã".
Segundo ele, foi graças à espionagem que, no ano passado, as potências mundiais souberam que Teerã possuía uma segunda usina de enriquecimento de urânio.
"Segredo não é uma palavra suja. O segredo não está aqui para encobrir a verdade", declarou Sawers.
"Sem o segredo não haveria serviço de inteligência, ou mesmo outras unidades, como as forças especiais. A nossa nação ficaria mais vulnerável", disse.
Ele afirmou ainda que novas ameaças "terroristas" estariam surgindo no Iêmen, na Somália e em países do norte da África.
A denúncia mais recente foi retirada pelo "Guardian" de documentos secretos do Ministério da Defesa britânico, após um pedido judicial.
Ela detalha pelo menos 21 episódios de assassinatos de civis e de crianças na Guerra do Afeganistão por tropas do Reino Unido.
Na maior parte das denúncias, os militares atiram em motoristas desarmados depois de confundi-los com terroristas suicidas.
Pelo menos 15 desses casos de abusos teriam sido cometidos por três unidades militares específicas: a Guarda "Coldstream", a unidade "Rifle" e as tropas de comando da Marinha Real.


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