|
Próximo Texto | Índice
Correa ensaia se aproximar do Mercosul
Presidente eleito equatoriano visitará o Brasil no dia em que Chávez também estará no país; vitória faz risco-país disparar
Esquerdista afirma ter
intenção de quadruplicar
participação do Estado
equatoriano na extração de
petróleo, de 20% para 85%
DA REDAÇÃO
O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, disse ontem
que buscará se aproximar do
Mercosul, ao mesmo tempo em
que afirmou que a Comunidade
Andina de Nações (CAN) está
"ferida de morte" por causa dos
acordos comerciais assinados
com os EUA pela Colômbia e
pelo Peru. É a mesma justificativa usada pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, para
deixar o bloco andino e aderir
ao bloco do Cone Sul.
"Buscaremos nos envolver
com maior intensidade no
Mercosul e espero que possamos unificar todo os processos
integracionistas, pelo menos
na América do Sul", disse, em
entrevista coletiva.
Correa anunciou também
que visitará o Brasil na primeira semana de dezembro e que
depois seguirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva à
Bolívia para participar da cúpula sul-americana, nos dias 8 e 9
desse mês. Ele também visitará
a vizinha Colômbia antes de
sua posse, em 15 de janeiro.
"O Brasil é um dos sócios estratégicos para o desenvolvimento do Equador, temos
grandes projetos de mútuo benefício", disse o esquerdista.
A visita de Correa a Brasília
coincidirá com a de Chávez, já
marcada há 20 dias e confirmada na semana passada pelo
chanceler Celso Amorim para 7
de dezembro -quatro dias depois das eleições em que Chávez concorre à reeleição.
Em abril, Chávez anunciou a
saída da CAN sob a alegação de
que o bloco estava condenado
por causa das negociações do
Peru e da Colômbia para assinarem acordo bilaterais de comércio com os EUA. Em julho,
a Venezuela tornou-se o quinto
membro pleno do Mercosul.
Esses acordos agora dependem da aprovação do Congresso norte-americano -a nova
maioria democrata, que toma
posse em 3 de janeiro, já ameaçou revê-los. Ontem, a representante comercial dos EUA,
Susan Schwab, disse que o governo não retrocederá em sua
agenda comercial e exortou os
democratas a trabalhar de forma bipartidária.
Petróleo
Correa disse também que renegociará os contratos de exploração de petróleo com empresas multinacionais -entre
as quais a Petrobras- para
mais do que quadruplicar a participação do Estado no volume
do produto recebido hoje.
O futuro presidente equatoriano, que na campanha prometeu renegociar os contratos
de petróleo, também disse que
poderia buscar o aumento da
participação estatal na receita
que as petroleiras são obrigadas a entregar ao Estado, de
acordo com uma lei aprovada
no atual governo.
Ele disse que o Estado atualmente recebe 20% do petróleo
extraído no país e que seu governo tentará aumentar essa
participação para 85%. Correa,
no entanto, rejeitou qualquer
tipo de nacionalização do setor
e disse que incentivará o investimento estrangeiro na exploração petrolífera no Equador.
A Lei de Hidrocarbonetos,
aprovada no início deste ano,
exige que as empresas dividam
com o governo pelo menos 50%
da receita acima de uma referência preestabelecida.
A vitória de Correa provocou
um forte aumento do risco-país
do Equador, que saltou de 536,
na sexta, para 604 anteontem
-incremento de 12,7%. Ontem
à tarde, o índice havia caído um
pouco, para 596. Mesmo antes
da vitória do esquerdista, o
Equador já tinha o maior índice
de risco-país entre os 18 países
avaliados pelo banco americano JP Morgan.
Apesar de ser apenas o 5º
maior produtor da América Latina, o petróleo é a principal atividade econômica do país, sendo responsável por 33% dos recursos do Orçamento.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Isto é Correa Índice
|