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Após ameaça de Morales, Senado volta a discutir reforma agrária
Presidente havia dito que aprovaria projeto por decreto; sessão recomeçou à noite
Martín Alipaz/Efe
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Indígenas procedentes do altiplano boliviano marcham em La Paz para apoiar a reforma agrária |
DA REDAÇÃO
Após o presidente boliviano,
Evo Morales, ameaçar aprovar
a reforma agrária por decreto
caso o Senado não votasse o
projeto, já aceito na Câmara,
senadores da oposição puseram fim ao boicote às sessões
da Casa ontem à noite e reiniciaram a discussão do projeto.
De forma inesperada, 12 senadores do governista Movimento ao Socialismo, dois senadores -um titular e um suplente- do Podemos, principal
partido oposicionista, e um suplente da centro-direitista Unidade Nacional reabriram a sessão, obtendo o quórum minimamente necessário. Integrantes da oposição chamaram os
senadores de "traidores".
A decisão ocorreu após manifestação com cerca de 10 mil indígenas a favor da reforma, no
centro de La Paz. O projeto de
lei estava paralisado no Senado,
onde a oposição tem a maioria
das 27 cadeiras, desde a semana
passada, quando o Podemos
iniciou um boicote, retirando
sua bancada de 13 senadores.
Com a adesão ao boicote de
mais dois senadores oposicionistas, não houve quórum.
A lei pretende redistribuir
cerca de 200 mil km2, quase um
quinto do país. A oposição se
opõe ao projeto porque ele limita a possibilidade de recursos judiciais por parte de fazendeiros cujas propriedades sejam consideradas improdutivas. "Não é possível ter tanta
terra em tão poucas mãos, e
tantas mãos sem terra", discursou Morales aos indígenas, que
marcharam de Cochabamba à
capital em apoio à reforma.
Uma pesquisa do instituto
Apoyo, Opinión y Mercado, divulgada ontem, mostrou que a
popularidade de Morales subiu
para 67% em novembro, após
os acordos com as petrolíferas,
que aumentaram o pagamento
de impostos e royalties. Em outubro, a aprovação era de 50%.
Empresários do agronegócio
do leste boliviano, região mais
rica do país, são os maiores
opositores da lei agrária, falando até em usar a força para proteger suas terras. Morales diz
que expropriará terras que
"servem à especulação".
No discurso aos indígenas,
Morales disse que "aprendeu a
fazer negócios". Ele se referiu à
possibilidade de acordos com a
companhia petrolífera Shell
depois de reunião que manteve
na Holanda, anteontem. "A
Shell está disposta a nos entregar suas ações para que o Estado, mediante a estatal YPFB,
tenha 50% mais uma das ações
na área do transporte de hidrocarbonetos", disse. A empresa
também estaria disposta a investir mais no país.
Com agências internacionais
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