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Chávez congela relações com Uribe
Governo de Caracas nega que ato represente corte de laços diplomáticos entre Venezuela e Colômbia
Medo de violência antes de referendo chavista leva ao fechamento das escolas;
capital tem novos episódios isolados de enfrentamentos
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente Hugo Chávez
afirmou ontem que "não terá
nenhuma relação" com o governo colombiano enquanto
este estiver sob o comando de
Álvaro Uribe, com quem vem
trocando farpas nos últimos
dias, mas uma nota do seu governo negou que isso signifique
o rompimento diplomático.
"Digo ao mundo: enquanto
Uribe for presidente da Colômbia, não terei nenhum tipo de
relação com ele nem com o governo da Colômbia. Não posso,
não posso, por dignidade", declarou Chávez durante um ato
oficial perto da fronteira entre
os dois países.
Anteontem à noite, durante
evento militar, Chávez chegou
a chamar Uribe, um aliado dos
EUA, de "triste peão do império": "Ele me acusa de ter um
projeto expansionista. O império é que tem um projeto expansionista, e o senhor [Uribe]
é um servil instrumento do império norte-americano na
América Latina".
Apesar das declarações duras, o governo venezuelano não
tomou nenhuma nova medida
ontem. Por enquanto, a única
decisão de Chávez durante a
crise foi a de chamar seu embaixador em Bogotá para consultas, o que, confirmou ontem
o governo não significa que foram rompidas as relações diplomáticas entre os países.
Em comunicado sobre as declarações de Chávez, a agência
estatal de notícias, ABN, afirmou que as declarações do presidente apenas "reiteram o
congelamento das relações
com a Colômbia".
Ontem, Uribe preferiu não
alimentar o bate-boca: "O que
tinha de dizer, disse no domingo à noite. Os chefes de Estado
têm de pensar não em suas próprias raivas, não em suas próprias vaidades, mas na necessidade de respeitar primeiro o
povo que representam", disse o
colombiano, que no domingo
acusou Chávez de ser um "legitimador do terrorismo".
A crise diplomática começou
na semana passada, quando
Uribe cancelou a mediação de
Chávez com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para trocar 45 reféns
por 500 guerrilheiros presos.
O colombiano alegou que
Chávez violou um acordo para
não conversar diretamente
com o alto mando militar de
seu país, motivo considerado
"absurdo" pelo venezuelano.
Campanha
Em meio a temores de episódios violentos por causa do referendo sobre a reforma constitucional, que ocorrerá no próximo domingo, o Ministério da
Educação da Venezuela determinou a suspensão das aulas
em todas as escolas do país a
partir de hoje, com a volta na
próxima terça-feira.
O objetivo é "assegurar a segurança nas instituições educativas que servirão de centros de
votação para o referendo da reforma constitucional", segundo
publicado no Diário Oficial de
anteontem. Em eleições eleitorais passadas, as aulas eram
suspensas apenas na sexta e na
segunda-feira -ou seja, neste
ano, o recesso foi estendido em
mais um dia.
Em Caracas, estudantes oposicionistas da Universidade
Metropolitana foram reprimidos com balas de borracha e gás
lacrimogêneo por forças policiais e da Guarda Nacional
(GN), que têm agido contra manifestações que bloqueiam vias
de acesso pelo país.
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