São Paulo, quinta-feira, 29 de novembro de 2007

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Chávez congela relações com Uribe

Governo de Caracas nega que ato represente corte de laços diplomáticos entre Venezuela e Colômbia

Medo de violência antes de referendo chavista leva ao fechamento das escolas; capital tem novos episódios isolados de enfrentamentos

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente Hugo Chávez afirmou ontem que "não terá nenhuma relação" com o governo colombiano enquanto este estiver sob o comando de Álvaro Uribe, com quem vem trocando farpas nos últimos dias, mas uma nota do seu governo negou que isso signifique o rompimento diplomático.
"Digo ao mundo: enquanto Uribe for presidente da Colômbia, não terei nenhum tipo de relação com ele nem com o governo da Colômbia. Não posso, não posso, por dignidade", declarou Chávez durante um ato oficial perto da fronteira entre os dois países.
Anteontem à noite, durante evento militar, Chávez chegou a chamar Uribe, um aliado dos EUA, de "triste peão do império": "Ele me acusa de ter um projeto expansionista. O império é que tem um projeto expansionista, e o senhor [Uribe] é um servil instrumento do império norte-americano na América Latina".
Apesar das declarações duras, o governo venezuelano não tomou nenhuma nova medida ontem. Por enquanto, a única decisão de Chávez durante a crise foi a de chamar seu embaixador em Bogotá para consultas, o que, confirmou ontem o governo não significa que foram rompidas as relações diplomáticas entre os países.
Em comunicado sobre as declarações de Chávez, a agência estatal de notícias, ABN, afirmou que as declarações do presidente apenas "reiteram o congelamento das relações com a Colômbia".
Ontem, Uribe preferiu não alimentar o bate-boca: "O que tinha de dizer, disse no domingo à noite. Os chefes de Estado têm de pensar não em suas próprias raivas, não em suas próprias vaidades, mas na necessidade de respeitar primeiro o povo que representam", disse o colombiano, que no domingo acusou Chávez de ser um "legitimador do terrorismo".
A crise diplomática começou na semana passada, quando Uribe cancelou a mediação de Chávez com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para trocar 45 reféns por 500 guerrilheiros presos.
O colombiano alegou que Chávez violou um acordo para não conversar diretamente com o alto mando militar de seu país, motivo considerado "absurdo" pelo venezuelano.

Campanha
Em meio a temores de episódios violentos por causa do referendo sobre a reforma constitucional, que ocorrerá no próximo domingo, o Ministério da Educação da Venezuela determinou a suspensão das aulas em todas as escolas do país a partir de hoje, com a volta na próxima terça-feira.
O objetivo é "assegurar a segurança nas instituições educativas que servirão de centros de votação para o referendo da reforma constitucional", segundo publicado no Diário Oficial de anteontem. Em eleições eleitorais passadas, as aulas eram suspensas apenas na sexta e na segunda-feira -ou seja, neste ano, o recesso foi estendido em mais um dia.
Em Caracas, estudantes oposicionistas da Universidade Metropolitana foram reprimidos com balas de borracha e gás lacrimogêneo por forças policiais e da Guarda Nacional (GN), que têm agido contra manifestações que bloqueiam vias de acesso pelo país.


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