São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Índia retoma Mumbai após 48h de terror

Forças de segurança encontram 6 corpos em centro judaico e libertam 143 reféns no Oberoi; no Taj Mahal, restava 1 extremista

Saldo de mortos por ataques desde quarta-feira chega a 160, sendo 22 estrangeiros; dos criminosos, ao menos 9 já morreram, e 1 foi detido

DA REDAÇÃO

Forças de segurança indianas invadiram ontem o centro judaico ultra-ortodoxo Casa Chabad, em Mumbai, em uma dramática operação de resgate, e encontraram os corpos de mais seis reféns, incluindo um rabino americano-israelense e sua esposa, segundo autoridades. Um dos militares e dois terroristas morreram na ação.
Mais de 48 horas após o início, na quarta à noite (horário local), dos ataques coordenados contra dez pontos freqüentados por ocidentais na capital financeira da Índia, o saldo de civis mortos chegava a 160, sendo ao menos 22 estrangeiros. Dos terroristas, nove haviam sido mortos, e um, detido. Os feridos passavam de 300.
As forças indianas anunciaram também ter tomado o controle durante o dia do luxuoso hotel Oberoi, onde foram encontrados 24 corpos de civis. Foram libertados 143 reféns. Outros dois extremistas foram mortos. "O hotel está sob controle", disse J. K. Dutt, diretor-geral do comando de elite da Guarda de Segurança Nacional.
No Taj Mahal, o outro hotel alvo dos ataques, invadido na quinta pelas forças de segurança, os confrontos se acirraram durante o dia de ontem. Autoridades disseram que ao menos um terrorista permanecia no prédio. "Ele está se movendo em dois andares, dos quais aparentemente cortou a eletricidade. (...) Pode ter dois ou mais reféns com ele", disse um policial.
Segundo as autoridades indianas, os terroristas chegaram a Mumbai pelo mar, vindos do Paquistão -o governo paquistanês nega envolvimento.
Os ataques alvejaram, além dos hotéis e do centro judaico, a estação de trem Chhatrapati Shivaji, uma das mais movimentadas do país, um hospital, e estabelecimentos populares entre turistas.
Um grupo extremista islâmico desconhecido, os Mujahedin de Deccan, reivindicou a autoria dos atentados. Nova Déli, no entanto, acredita que o nome seja uma fachada para a ação de grupos terroristas já atuantes.

Operação aérea
A operação na Casa Chabad teve início nas primeiras horas da manhã de sexta, quando 12 homens, segundo relatos, desceram de um helicóptero sobre o teto do centro. A varredura dos cinco andares do edifício só terminou à noite. "Os reféns haviam sido mortos muito antes", disse Dutt, para quem "a operação foi bem-sucedida".
A morte do rabino Gavriel Noach Holtzberg e de sua esposa Rivka, ambos americano-israelenses, foi confirmada pela organização judaica ultra-ortodoxa, de Nova York. O filho do casal, Moshe, 2, foi retirado do prédio nos braços de uma funcionária do centro e entregue aos avós em Israel. "Eu apenas o peguei e saí correndo", disse a funcionária ao "Haaretz".
No fim do dia, a equipe de resgate deixou o local com fuzis erguidos e sob aplausos da população que acompanhava a operação dos arredores -mas foi advertida pelas autoridades para não se aproximar, pois a ação não havia terminado. Autoridades indianas negaram rumores de participação de agentes israelense na ação.
Maiores detalhes da operação ainda não estavam claros até o final do dia. Mais cedo, a Embaixada de Israel na Índia havia estimado em nove o número de reféns na Casa Chabad, número não confirmado posteriormente. Não se sabia se ainda restavam terroristas no prédio. Uma parede interna foi explodida pelas forças indianas em busca dos criminosos.

Hotéis
As operações nos hotéis Oberoi e Taj Mahal, cuja maioria dos reféns fora libertada na quinta, também tinham detalhes desconhecidos. Em ambos, a varredura dos andares por terroristas e corpos foi feita quarto a quarto -no segundo, não foi concluída devido ao atirador remanescente.
Durante o dia, séries de explosões e troca de tiros foram ouvidas, segundo relatos.
Entre os reféns libertados no Oberoi, um dos mais luxuosos de Mumbai, havia um bebê. Muitos eram estrangeiros. Identificados, havia dois americanos, um britânico e dois japoneses, disse a Reuters, além de cerca de 20 funcionários das empresas aéreas alemã Lufthansa e francesa Air France.
"Estou indo para casa. Estou indo ver minha esposa", dizia o britânico Mark Abell ao deixar o hotel. Abell disse ter se trancado no seu quarto durante as horas de tensão. Os reféns libertados eram escoltados até ônibus à sua espera. Muitos choravam enquanto a polícia local mostrava fotos de parentes mortos para identificação.
Um hóspede britânico do Taj Mahal, que ainda passou a noite de quinta atrás de barricadas no porão, contou à BBC como foi o ataque. "Um deles tinha uma enorme arma na mão e simplesmente apontou para as pessoas e começou a atirar. Foi puro instinto. Eu vi pessoas caindo e, junto com os outros, comecei a correr."


Com agências internacionais


Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.