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Índia retoma Mumbai após 48h de terror
Forças de segurança encontram 6 corpos em centro judaico e libertam 143 reféns no Oberoi; no Taj Mahal, restava 1 extremista
Saldo de mortos por ataques desde quarta-feira chega a 160, sendo 22 estrangeiros; dos criminosos, ao menos 9 já morreram, e 1 foi detido
DA REDAÇÃO
Forças de segurança indianas invadiram ontem o centro
judaico ultra-ortodoxo Casa
Chabad, em Mumbai, em uma
dramática operação de resgate,
e encontraram os corpos de
mais seis reféns, incluindo um
rabino americano-israelense e
sua esposa, segundo autoridades. Um dos militares e dois
terroristas morreram na ação.
Mais de 48 horas após o início, na quarta à noite (horário
local), dos ataques coordenados contra dez pontos freqüentados por ocidentais na capital
financeira da Índia, o saldo de
civis mortos chegava a 160, sendo ao menos 22 estrangeiros.
Dos terroristas, nove haviam
sido mortos, e um, detido. Os
feridos passavam de 300.
As forças indianas anunciaram também ter tomado o controle durante o dia do luxuoso
hotel Oberoi, onde foram encontrados 24 corpos de civis.
Foram libertados 143 reféns.
Outros dois extremistas foram
mortos. "O hotel está sob controle", disse J. K. Dutt, diretor-geral do comando de elite da
Guarda de Segurança Nacional.
No Taj Mahal, o outro hotel
alvo dos ataques, invadido na
quinta pelas forças de segurança, os confrontos se acirraram
durante o dia de ontem. Autoridades disseram que ao menos
um terrorista permanecia no
prédio. "Ele está se movendo
em dois andares, dos quais aparentemente cortou a eletricidade. (...) Pode ter dois ou mais reféns com ele", disse um policial.
Segundo as autoridades indianas, os terroristas chegaram
a Mumbai pelo mar, vindos do
Paquistão -o governo paquistanês nega envolvimento.
Os ataques alvejaram, além
dos hotéis e do centro judaico, a
estação de trem Chhatrapati
Shivaji, uma das mais movimentadas do país, um hospital,
e estabelecimentos populares
entre turistas.
Um grupo extremista islâmico desconhecido, os Mujahedin
de Deccan, reivindicou a autoria dos atentados. Nova Déli, no
entanto, acredita que o nome
seja uma fachada para a ação de
grupos terroristas já atuantes.
Operação aérea
A operação na Casa Chabad
teve início nas primeiras horas
da manhã de sexta, quando 12
homens, segundo relatos, desceram de um helicóptero sobre
o teto do centro. A varredura
dos cinco andares do edifício só
terminou à noite. "Os reféns
haviam sido mortos muito antes", disse Dutt, para quem "a
operação foi bem-sucedida".
A morte do rabino Gavriel
Noach Holtzberg e de sua esposa Rivka, ambos americano-israelenses, foi confirmada pela
organização judaica ultra-ortodoxa, de Nova York. O filho do
casal, Moshe, 2, foi retirado do
prédio nos braços de uma funcionária do centro e entregue
aos avós em Israel. "Eu apenas
o peguei e saí correndo", disse a
funcionária ao "Haaretz".
No fim do dia, a equipe de
resgate deixou o local com fuzis
erguidos e sob aplausos da população que acompanhava a
operação dos arredores -mas
foi advertida pelas autoridades
para não se aproximar, pois a
ação não havia terminado. Autoridades indianas negaram rumores de participação de agentes israelense na ação.
Maiores detalhes da operação ainda não estavam claros
até o final do dia. Mais cedo, a
Embaixada de Israel na Índia
havia estimado em nove o número de reféns na Casa Chabad, número não confirmado
posteriormente. Não se sabia
se ainda restavam terroristas
no prédio. Uma parede interna
foi explodida pelas forças indianas em busca dos criminosos.
Hotéis
As operações nos hotéis Oberoi e Taj Mahal, cuja maioria
dos reféns fora libertada na
quinta, também tinham detalhes desconhecidos. Em ambos, a varredura dos andares
por terroristas e corpos foi feita
quarto a quarto -no segundo,
não foi concluída devido ao atirador remanescente.
Durante o dia, séries de explosões e troca de tiros foram
ouvidas, segundo relatos.
Entre os reféns libertados no
Oberoi, um dos mais luxuosos
de Mumbai, havia um bebê.
Muitos eram estrangeiros.
Identificados, havia dois americanos, um britânico e dois japoneses, disse a Reuters, além
de cerca de 20 funcionários das
empresas aéreas alemã Lufthansa e francesa Air France.
"Estou indo para casa. Estou
indo ver minha esposa", dizia o
britânico Mark Abell ao deixar
o hotel. Abell disse ter se trancado no seu quarto durante as
horas de tensão. Os reféns libertados eram escoltados até
ônibus à sua espera. Muitos
choravam enquanto a polícia
local mostrava fotos de parentes mortos para identificação.
Um hóspede britânico do Taj
Mahal, que ainda passou a noite de quinta atrás de barricadas
no porão, contou à BBC como
foi o ataque. "Um deles tinha
uma enorme arma na mão e
simplesmente apontou para as
pessoas e começou a atirar. Foi
puro instinto. Eu vi pessoas
caindo e, junto com os outros,
comecei a correr."
Com agências internacionais
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