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Mumbai pode marcar volta de atentados menos complexos
DO "FINANCIAL TIMES"
Enquanto oficiais de inteligência ocidentais estudam os
possíveis vínculos entre os terroristas que agiram em Mumbai e grupos externos, uma pergunta que reverbera nos círculos de inteligência é se o massacre marca o início de um novo
capítulo na história do terrorismo global, no qual os criminosos estariam revertendo ao uso
de metralhadoras e granadas
em lugares lotados, em lugar de
arquitetar conspirações tecnicamente complicadas.
Desde a destruição do World
Trade Center, em 2001, a Al
Qaeda e aqueles que são influenciados por sua ideologia
vêm concentrando sua atenção
em tentar realizar outros atentados espetaculares e complexos. Em Madri, em 2004, e em
Londres, em 2005, houve ataques múltiplos e sincronizados
com bombas nos sistemas de
transporte público.
Em Mumbai, a tática usada
foi outra. Os terroristas usaram
algumas idéias do "manual da
Al Qaeda", como lançar ataques
sincronizados em vários pontos de uma cidade e alvejar
americanos e britânicos. Mas,
embora o ataque tenha sido sofisticado, alguns analistas de
inteligência acreditam que ele
indica que os terroristas estariam "voltando aos métodos
básicos", usando armas de fogo
em lugar de bombas ou aviões.
"Este ataque remete fortemente ao tipo de coisa que era
feita por terroristas como Abu
Nidal ou Carlos, o Chacal, 20 ou
30 anos atrás", diz um analista
de inteligência, apontando para
a semelhança com a atrocidade
cometida no aeroporto de Roma em 1973, quando terroristas
árabes mataram 31 pessoas em
ataques múltiplos contra balcões de check-in e uma aeronave. "É um terrorismo que pertence mais ao campo da guerra
de guerrilha -e, embora o terrorista, no caso de Mumbai, esteja preparado para morrer, o
suicídio não é sua arma."
A comunidade de inteligência pensa há algum tempo que a
Al Qaeda e os grupos filiados a
ela dificultam muito seu trabalho ao tentar realizar atentados
espetaculares e complexos, freqüentemente descobertos pelas autoridades. Essa pode ser
uma das razões pelas quais a Al
Qaeda não fez nenhum grande
ataque na Europa desde 2005.
Uma das lições do terrorismo
global nas últimas décadas é
que ele muda em termos de táticas. Um dos perigos da atrocidade desta semana é que outros
terroristas, tenham ou não ligações com os atacantes de Mumbai, aprenderão essa lição.
Tradução de CLARA ALLAIN
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