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Deputado diz temer "invasão islâmica"
Legislador que propôs plebiscito para banir minaretes na Suíça afirma estar defendendo democracia e direitos civis
Para Oskar Freysinger, islã tem que "separar religião, política e legislação" para se tornar "compatível com Estado de Direito" europeu
DE GENEBRA
Oskar Freysinger teme uma
invasão islâmica após a Suíça
ter aderido, em 2008, ao espaço
Shengen para a livre circulação
de pessoas em parte da Europa.
E, para impedir que o islã político ganhe força, o deputado
de 49 anos do ultranacionalista
SVP (Partido do Povo Suíço) se
uniu a 15 colegas de sigla e aliados evangélicos e lançou o plebiscito de hoje contra os minaretes -embora não saiba explicar como a extinção das torres
afetará o movimento.
Ele falou à Folha por telefone, de Berna.
(LUCIANA COELHO)
FOLHA - Por que [propor um referendo] agora?
OSKAR FREYSINGER - Um grupo
turco ergueu um minarete na
cidadezinha de Wangen [no
início do ano]. Dos 4.500 habitantes, 3.800 e a Câmara dos
Vereadores se opuseram, mas
não conseguiram evitar, pois a
Constituição prevê liberdade
de religião. Logo, não tínhamos
outra possibilidade para fazer
valer a vontade do povo senão
agir no nível constitucional.
FOLHA - Não é um exagero estender para todo o país?
FREYSINGER - Sim, mas há pedidos pendentes. Não queremos
esses minaretes construídos
enquanto o islã não evoluir, não
separar religião, política e legislação. Isso não é compatível
com nosso Estado de Direito.
No islã a vida humana não é
protegida.
FOLHA - A descrição que o sr. dá se
aplica a uma parte mínima e radical,
não? Acha possível comparar países
como Arábia Saudita e Turquia?
FREYSINGER - Na Turquia há o
Exército equilibrando. Mas
quem paga os minaretes são
pessoas da Arábia Saudita. Essa
gente é perigosa, quer os minaretes como símbolo da dominância política do islã.
FOLHA - E o sr. não tem nada contra as mesquitas?
FREYSINGER - Não tenho. Nós na
Europa temos hoje a religião
como uma questão privada. No
islã é uma questão de sociedade. Isso significa confronto
com nossos direitos civis. Eles
querem leis especiais.
FOLHA - Aqui? Conversei com vários. Não soam radicais.
FREYSINGER - Claro, a maioria
veio dos Bálcãs. O problema deles é com a máfia albanesa.
Mas, com o espaço Shengen, temos que deixar de tudo entrar.
Logo teremos a mesma situação da França e do Reino Unido, onde tribunais usam a lei islâmica sob cortes civis [alguns
juízes britânicos acatam argumentos da sharia].
FOLHA - E como vetar minaretes
vai impedir que isso ocorra?
FREYSINGER - Tenho montes de
e-mails de muçulmanos moderados que não querem minaretes construídos aqui porque fugiram dos fundamentalistas e
vieram para um país livre.
FOLHA - Se a comunidade é moderada, por que o temor?
FREYSINGER - Aqui temos a democracia direta. Temos que defender isso. Se em Wangen as
pessoas dizem que não querem
o minarete e seu desejo não é
respeitado, é inaceitável.
FOLHA - Por que usar um comitê e
não fazer o pleito pelo SVP?
FREYSINGER - O partido não estava interessado, então resolvemos tocar nós mesmos.
FOLHA - Acha que ganhará?
FREYSINGER - Será difícil, há
muita gente contra. Mas acho
que vai ser por pouco.
FOLHA - O sr. conhece o minarete
de Genebra? É discreto.
FREYSINGER - É sim. Mas há dez
anos havia 20 mil muçulmanos
aqui. Agora são 400 mil, e vão
aumentar, porque eles têm três
vezes mais filhos.
Para a civilização ocidental
será este o maior problema dos
próximos 50 anos, como evitar
uma regressão do que conquistamos com o Iluminismo.
Você pode dizer que eu estou
errado, mas será um grande
problema.
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