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Morales oposicio nistas acordam encontro em La Paz em janeiro
Em meio à crise, governadores querem negociar fim de corte de repasses
DA REDAÇÃO
O presidente boliviano, Evo
Morales, aceitou a proposta de
encontro feita pelos cinco governadores oposicionistas anteontem. A reunião, que pode
ser a primeira negociação concreta entre La Paz e os departamentos em meses de crise, está
marcada para o dia 7 de janeiro.
"Quero dizer-lhes que esperarei em La Paz", disse ontem
Morales, na cidade de Cochabamba, após se encontrar com
partidários de movimentos sociais e prestes a iniciar uma
reunião de gabinete para avaliar seus dois anos de gestão.
Anteontem, os governadores
dos departamentos de Santa
Cruz, Pando, Beni e Tarija,
além do de Cochabamba, enviaram uma carta ao governo
propondo a reunião com Morales para 7 de janeiro.
La Paz fizera vários convites
ao diálogo, que não haviam, até
agora, conseguido a adesão dos
opositores.
Na mensagem, os oposicionistas exigem que a reunião
trate do corte de repasses do
IDH (Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos) às regiões, do
novo texto Constitucional
-que consideram ilegal- e dos
estatutos autonômicos elaborados em Santa Cruz, Pando,
Beni e Tarija, que reivindicam
independência administrativa
em relação a La Paz. Os autonomistas também querem poder
para legislar sobre uso da terra,
gás e petróleo.
Morales lembrou que já havia feito o convite aos opositores três vezes no último mês.
Afirmou que a agenda da reunião deve ser "aberta" e que é
obrigação do governo tratar de
"qualquer aspecto".
Até ontem, sempre que o governo mencionava dialogar
com os opositores, insistia que
a discussão dos estatutos autonômicos deveria ter como base
a nova Constituição.
Pressão e repasses
Insensíveis aos chamados de
diálogos anteriores, os governadores também demonstraram alguma flexibilidade. Um
dos motivos é que lhes interessa negociar com Morales uma
questão imediata: a redução do
repasse do imposto sobre hidrocarbonetos, que começa a
vigorar no mês que vem.
Em novembro, os governistas no Congresso aprovaram a
criação de um benefício a idosos que será financiado mediante um corte de 30% do
montante do tributo destinado
aos departamentos, que não
têm arrecadação própria e dependem de La Paz.
Apesar das tratativas para a
reunião, Rubén Costas, o governador do poderoso departamento de Santa Cruz, afirmou
que "ir ao diálogo não significa
ceder". "Não temos que ir discutir além das posições que já
tornamos públicas."
A crise política boliviana se
agravou em novembro, com a
aprovação por governistas e
aliados do texto geral da nova
Carta em um quartel da cidade
de Sucre. O principal partido da
oposição, o Podemos, boicotou
a votação. Confrontos entre
manifestantes pró e contra Morales e a Polícia Nacional deixaram três mortos.
Os governadores de oposição
também não reconheceram a
nova Carta, que ainda será submetida a consulta popular, e
decidiram, em 15 de dezembro,
apresentar seus estatutos autonômicos à população. À revelia
da atual Constituição, que não
prevê autonomia às regiões, os
oposicionistas anunciaram que
submeterão os documentos a
referendos nos departamentos
para logo implantá-los unilateralmente.
Com agências internacionais
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