|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Palestinos buscam abrigo no Egito após ataques e bloqueio
País árabe reforça a fronteira, e guardas tentam impedir passagem de pessoas
Sepultamentos tomam
o território; Cruz Vermelha
diz que faltam alimentos devido ao cerco, e hospitais estão sobrecarregados
DA REDAÇÃO
Moradores de Gaza romperam, ontem, cercas que marcam a fronteira do território
com o Egito. Policiais egípcios,
então, abriram fogo para dissuadi-los de atravessar e, segundo testemunhas, vários palestinos ficaram feridos. Apesar
disso, por volta de dez pessoas
conseguiram escalar as barricadas e passar para o lado egípcio,
em Rafah.
Escavadeiras também foram
usadas para tentar abrir brechas em outros pontos. Pelo
menos 300 guardas foram deslocados para reforçar o contingente ao longo dos 14 km de
fronteira, informou um oficial
ao jornal "Haaretz".
A situação é grave também
nos hospitais, onde dezenas de
pais procuravam seus filhos,
como relatou um jornalista da
"BBC" morador de Gaza. No
hospital de Shifa, em Gaza, os
pacientes em situação considerada menos urgente recebiam
alta para liberar leitos.
O território se transformou
em uma gigante procissão fúnebre que reuniu dezenas de
milhares de palestinos, do norte ao sul do território.
Só no bairro de Shiekh Radwan, ao norte da cidade de Gaza, 43 pessoas morreram, a
maioria de jovens que haviam
acabado de entrar para a polícia
civil, quando aconteceu a ofensiva israelense durante a cerimônia de ingresso. Centros de
detenção ficaram desertos.
Em Rafah, toda a família de
Tawfik Jaber, comandante da
polícia de Gaza, cercava seu
corpo envolto em uma bandeira palestina. Perto dali, no estádio municipal da cidade, milhares de pessoas velavam 15 corpos estendidos no gramado.
"Não há eletricidade, ou gás,
ou farinha, ou pão praticamente toda a semana", disse a professora Umm Salah. Depois dos
ataques, entidades de ajuda humanitária, como a UNRWA, da
ONU, ainda não tinham conseguido entregar suprimentos.
Ontem, porém, o Egito enviou
alimentos e remédios para Gaza por meio de dez caminhões
do Crescente Vermelho, segundo a agência de notícias egípcia
Mena.
Efeitos do bloqueio
As conseqüências dos intensos bombardeios aumentam no
contexto de isolamento que se
encontra a faixa de Gaza. A
fronteira com o Egito está fechada e só se permitem passagens esporádicas de ajuda humanitária, como as de ontem.
No final de janeiro, os palestinos já haviam impedido o bloqueio da passagem para o Egito,
quando o grupo islâmico rompeu as cercas e o muro de fronteira para que moradores pudessem buscar suprimentos.
Já a travessia para o território israelense está bloqueada
desde 5 de novembro, quando
começou um cerco de Israel ao
território palestino, onde vivem 1,5 milhão de pessoas, em
362 km2.
Em comunicado, o Comitê
Internacional da Cruz Vermelha disse estar "extremadamente preocupado" com o aumento de vítimas em Gaza e
advertiu que o conflito sobrecarrega os hospitais da região.
Segundo a ONG Oxfam, em
média, menos de 5 caminhões
com suprimentos entraram
por dia em Gaza em novembro,
contra 123 em outubro e 564
em dezembro de 2005.
A agência humanitária da
ONU para a palestina (UNRWA) fornece os alimentos necessários para 750 mil pessoas
do território. Mas, para entregar essa quantidade, precisam
de 15 caminhões diários.
A WFP (World Food Programme), outra entidade humanitária que atua na região,
conseguiu enviar apenas 35 dos
190 caminhões que estavam
planejados para atender aos
palestinos de Gaza até fevereiro de 2009.
O fornecimento de energia
também é comprometido pelo
bloqueio. Apenas 18% do diesel
que Israel é obrigado a permitir
entrar semanalmente foi
transportado na última semana de novembro.
O isolamento de Gaza também é econômico-financeiro.
O Banco Mundial alertou que o
sistema bancário de Gaza pode
entrar em colapso caso as restrições permanecerem. A verba
destinada a programas de geração de emprego foi cortada e,
em 19 de novembro, a UNRWA
suspendeu o programa de renda mínima para os mais pobres.
A maioria da população do
território tem baixa renda e,
oficialmente, a taxa de desemprego é de 49,1%.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Análise: Tensão cresce na região desde eleição nos EUA Próximo Texto: Dois palestinos são mortos na Cisjordânia Índice
|