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Em protesto, Turquia e Síria congelam contatos com Israel
Conselho de Segurança da ONU, Londres e Paris pedem imediato cessar-fogo; líder supremo do Irã quer levante de muçulmanos
Ancara mediava conversas entre Damasco e Israel para negociar paz; Liga Árabe fará cúpula extraordinária, sobre situação em Gaza
DA REDAÇÃO
A Síria anunciou a suspensão
das negociações indiretas de
paz com Israel, mediadas pela
Turquia, em reação aos ataques
à faixa de Gaza. Horas antes, o
premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, se retirara do processo,
afirmando que os bombardeios
são também um "desrespeito à
Turquia" -um dos poucos países de maioria islâmica com
contato com Israel.
"Bombardear esse povo indefeso e dizer abertamente que
esta será uma operação de longa duração é, para mim, um sério crime contra a humanidade", criticou Erdogan, em discurso no encontro do seu partido, de raízes islâmicas. Premiê
da secular, mas majoritariamente islâmica, Turquia, ele
tem sido um dos principais elos
diplomáticos entre Israel e
seus adversários árabes.
Damasco, que abriga líderes
exilados do Hamas, no governo
em Gaza, negociava com o governo israelense a devolução
das colinas de Golã, tomadas
por Israel na guerra de 1967. Há
uma semana, o ditador sírio,
Bashar Assad, endossara a possibilidade de um diálogo direto
com Israel. As atuais rodadas
de negociações, iniciadas em
maio deste ano, eram realizadas por intermédio de Ancara.
Cresce a pressão interna e
externa sobre os governos dos
países árabes vistos como mais
próximos a Israel. A reação da
Turquia, que não é árabe e
manteve historicamente boas
relações com o país, apenas
acirra a cobrança por uma reação mais enérgica.
A Jordânia e, principalmente, o Egito -únicos que firmaram acordos de paz com o
país- são os principais alvos. O
Cairo, que se opõe ao Hamas, se
vê agora obrigado a sair em defesa dos palestinos da área controlada pelo grupo radical.
A Liga Árabe convocou para a
próxima sexta-feira uma cúpula extraordinária, que discutirá,
em Doha, a situação da faixa de
Gaza. Na quarta-feira, os ministros das Relações Exteriores
dos países do grupo devem se
reunir no Egito.
Segundo o Conselho de Cooperação do Golfo, que reúne
países produtores de petróleo
próximos à Casa Brancas, os
ataques israelenses estarão na
pauta do encontro econômico
da aliança, realizado hoje.
É pouco, criticou o ditador líbio, Muammar Gadafi, atacando as reações "covardes e derrotistas" dos colegas árabes.
"Quantas cúpulas extraordinárias sobre a Palestina já foram
feitas?", questionou ele ontem.
ONU
O Conselho de Segurança da
ONU aprovou por unanimidade resolução em que exorta os
envolvidos a cessar toda a atividade militar e respeitar "as sérias necessidades humanitárias
e econômicas em Gaza". A reunião fechada, que durou quatro
horas, foi convocada pela Líbia,
única nação árabe no órgão.
Nota semelhante, com cobranças mais explícitas a Israel,
foi divulgada horas mais tarde
pelo Reino Unido. O chanceler
francês Bernard Kouchner pediu que a Europa "use todo o
seu peso para impedir o conflito" em Gaza, em entrevista publicada ontem.
O Mercosul repudiou os
bombardeios e exortou os envolvidos a retomarem o diálogo, em nota divulgada ontem
pela Chancelaria do Paraguai,
que ocupa a presidência temporária do bloco.
No Irã, que não reconhece Israel, a reação aos bombardeios
foi incendiária. Decreto religioso do aiatolá Ali Khamenei, líder máximo do país xiita, ordena que os muçulmanos defendam os palestinos "de qualquer
maneira possível". Deputados
iranianos entoaram ontem o
refrão "morte a Israel".
Com agências internacionais
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