São Paulo, terça-feira, 29 de dezembro de 2009

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Al Qaeda reivindica tentativa de atentado

Braço da organização terrorista na península Arábica afirma, em texto na internet, ter fornecido explosivo a nigeriano

Declaração foi rastreada por site especializado em fóruns extremistas; presidente dos EUA promete rever sistema de segurança aérea no país


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

A Al Qaeda na península Árabe, um dos braços da organização terrorista liderada por Osama bin Laden, assumiu ontem a responsabilidade pela tentativa de ataque em voo americano cujo autor, segundo o FBI, é Umar Farouk Abdulmutallab, 23. O nigeriano foi acusado pela polícia de tentar se explodir em avião que se preparava para aterrissar em Detroit, na sexta.
A declaração do grupo apareceu em fóruns extremistas, segundo o SITE Intelligence Group, que monitora sites de militantes islâmicos. No texto, o grupo cumprimenta o "irmão nigeriano aspirante a mártir" por ter sido bem-sucedido ao romper as barreiras de segurança de aeroportos trazendo consigo o que a polícia federal americana diz ser um alto explosivo, cujos componente e detonador estariam parte costurados em sua cueca e parte amarrados ao corpo.
A explosão só não foi efetivada por uma "falha técnica", diz a AQAP, sigla em inglês pela qual o grupo é conhecido, que afirma ter dado o explosivo para Abdulmutallab. Segundo o texto, o atentado é retaliação a ataques aéreos que os extremistas sofreram no Iêmen (no Oriente Médio), onde se suspeita que o nigeriano tenha radicalizado suas visões religiosas. Um deles aconteceu na véspera do embarque do acusado.
Embora não oficialmente confirmada pela Casa Branca, a ofensiva faz parte de iniciativa recente dos EUA de ajudar o governo local a combater os extremistas, que nos últimos anos vêm se instalando no país, vindos do Afeganistão e do Paquistão. A AQAP já comandou ataques no Iêmen e na Arábia Saudita e, em 2004, capturou e degolou um engenheiro americano baseado em Riad.
Os desdobramentos da tentativa de ataque terrorista levaram Barack Obama a fazer um pronunciamento público sobre o assunto. "Não vamos descansar até que todos os envolvidos sejam responsabilizados", disse. "Essa foi uma lembrança grave dos perigos que enfrentamos e da natureza daqueles que ameaçam nosso território." No discurso, o democrata confirmou que pedira uma "revisão abrangente" do sistema de listas de suspeitos de terrorismo e da tecnologia de revista em aeroportos e avisou que os EUA manteriam "pressão sobre aqueles que querem atacar nosso país." Em férias de fim de ano no Havaí, o democrata e sua equipe tinham tentado diminuir a importância do caso nas primeiras horas.
A secretária de Segurança Doméstica, Janet Napolitano, e o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, chegaram até a dizer em entrevistas no domingo que o sistema de segurança do país funcionara. Ontem, voltaram atrás. "Nosso sistema não funcionou nesse caso", disse Napolitano. "Ninguém está feliz ou satisfeito com isso e uma revisão abrangente está em andamento."
A oposição republicana e a comunidade de inteligência em geral lideraram a grita à reação tímida do governo democrata e ao fato de, oito anos depois do ataque de 11 de Setembro, uma pessoa conseguir furar a barreira de um dos aeroportos mais seguros do mundo -de Amsterdã, na Holanda, de onde partiu o avião- em voo que se dirigia aos EUA.
Com um agravante: segundo o FBI, com o mesmo tipo de explosivo e modo de operação semelhante ao daquele que ficou conhecido como o "terrorista do sapato", que tentou se explodir em dezembro de 2001 durante voo Paris-Miami. O pai de Abdulmutallab havia denunciado o filho à Embaixada dos EUA na Nigéria e seu nome foi colocado numa lista de observação, mas isso não o impediu de embarcar no avião.

Leia coluna de Clóvis Rossi sobre o reforço na segurança aérea nos EUA

www.folha.com.br/093624


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