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Al Qaeda reivindica tentativa de atentado
Braço da organização terrorista na península Arábica afirma, em texto na internet, ter fornecido explosivo a nigeriano
Declaração foi rastreada por site especializado em fóruns extremistas; presidente dos EUA promete rever sistema de segurança aérea no país
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A Al Qaeda na península Árabe, um dos braços da organização terrorista liderada por Osama bin Laden, assumiu ontem
a responsabilidade pela tentativa de ataque em voo americano
cujo autor, segundo o FBI, é
Umar Farouk Abdulmutallab,
23. O nigeriano foi acusado pela
polícia de tentar se explodir em
avião que se preparava para
aterrissar em Detroit, na sexta.
A declaração do grupo apareceu em fóruns extremistas, segundo o SITE Intelligence
Group, que monitora sites de
militantes islâmicos. No texto,
o grupo cumprimenta o "irmão
nigeriano aspirante a mártir"
por ter sido bem-sucedido ao
romper as barreiras de segurança de aeroportos trazendo
consigo o que a polícia federal
americana diz ser um alto explosivo, cujos componente e
detonador estariam parte costurados em sua cueca e parte
amarrados ao corpo.
A explosão só não foi efetivada por uma "falha técnica", diz
a AQAP, sigla em inglês pela
qual o grupo é conhecido, que
afirma ter dado o explosivo para Abdulmutallab. Segundo o
texto, o atentado é retaliação a
ataques aéreos que os extremistas sofreram no Iêmen (no
Oriente Médio), onde se suspeita que o nigeriano tenha radicalizado suas visões religiosas. Um deles aconteceu na véspera do embarque do acusado.
Embora não oficialmente
confirmada pela Casa Branca, a
ofensiva faz parte de iniciativa
recente dos EUA de ajudar o
governo local a combater os extremistas, que nos últimos anos
vêm se instalando no país, vindos do Afeganistão e do Paquistão. A AQAP já comandou ataques no Iêmen e na Arábia Saudita e, em 2004, capturou e degolou um engenheiro americano baseado em Riad.
Os desdobramentos da tentativa de ataque terrorista levaram Barack Obama a fazer um
pronunciamento público sobre
o assunto. "Não vamos descansar até que todos os envolvidos
sejam responsabilizados", disse. "Essa foi uma lembrança
grave dos perigos que enfrentamos e da natureza daqueles que
ameaçam nosso território."
No discurso, o democrata
confirmou que pedira uma "revisão abrangente" do sistema
de listas de suspeitos de terrorismo e da tecnologia de revista
em aeroportos e avisou que os
EUA manteriam "pressão sobre aqueles que querem atacar
nosso país." Em férias de fim de
ano no Havaí, o democrata e
sua equipe tinham tentado diminuir a importância do caso
nas primeiras horas.
A secretária de Segurança
Doméstica, Janet Napolitano, e
o porta-voz da Casa Branca,
Robert Gibbs, chegaram até a
dizer em entrevistas no domingo que o sistema de segurança
do país funcionara. Ontem, voltaram atrás. "Nosso sistema
não funcionou nesse caso", disse Napolitano. "Ninguém está
feliz ou satisfeito com isso e
uma revisão abrangente está
em andamento."
A oposição republicana e a
comunidade de inteligência em
geral lideraram a grita à reação
tímida do governo democrata e
ao fato de, oito anos depois do
ataque de 11 de Setembro, uma
pessoa conseguir furar a barreira de um dos aeroportos mais
seguros do mundo -de Amsterdã, na Holanda, de onde partiu o avião- em voo que se dirigia aos EUA.
Com um agravante: segundo
o FBI, com o mesmo tipo de explosivo e modo de operação semelhante ao daquele que ficou
conhecido como o "terrorista
do sapato", que tentou se explodir em dezembro de 2001
durante voo Paris-Miami.
O pai de Abdulmutallab havia denunciado o filho à Embaixada dos EUA na Nigéria e seu
nome foi colocado numa lista
de observação, mas isso não o
impediu de embarcar no avião.
Leia coluna de Clóvis Rossi
sobre o reforço na
segurança aérea nos EUA
www.folha.com.br/093624
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