São Paulo, terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição acusa Teerã de esconder corpo do sobrinho de Mousavi

Para manifestantes, governo teme mais protestos; regime afirma ter levado cadáver para autópsia

DA REDAÇÃO

Um dia após os piores confrontos entre manifestantes antirregime e forças de segurança no Irã desde o pleito de junho, a oposição denunciou ontem o "desaparecimento" do corpo do sobrinho do candidato derrotado Mir Hossein Mousavi, morto na véspera, e a detenção de sete oposicionistas.
Teerã negou o sumiço do corpo de Ali Mousavi do hospital em que se encontrava, alegando tê-lo levado para análise da causa da sua morte -assim como das outras vítimas.
Na véspera, Teerã atribuíra a sua morte a "atacantes desconhecidos" e, ontem, negou estar escondendo o seu corpo.
Reza Mousavi acusou o governo iraniano de fazer sumir o corpo do seu irmão, Ali, durante a noite. Para os opositores, Teerã teme que um cortejo fúnebre ou mesmo a localização do sobrinho do líder reformista sirva de pretexto para uma nova rodada de manifestações.
Durante o dia, forças de segurança dispersaram com bombas de gás lacrimogêneo um princípio de aglomeração de opositores em frente ao hospital no qual se acreditava que o corpo de Ali Mousavi estivesse.
O governo do Irã confirmou ontem a morte de oito pessoas durante os protestos de domingo, mas negou a autoria. O número de vítimas é o maior em um só episódio desde a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad -estopim dos levantes no país.
Nos confrontos que resultaram na morte de Ali Mousavi foram presas 300 pessoas, e, segundo o governo, "dezenas de membros das forças de segurança" ficaram feridos -inclusive o chefe da polícia de Teerã.
Ontem, sites opositores responsáveis pela quase totalidade dos relatos dos confrontos da véspera acusaram Teerã de prender três próximos auxiliares de Mousavi, dois membros da fundação dirigida pelo ex-presidente reformista Mohammad Khatami, o ex-chanceler Ebrahim Yazdi e o ativista de direitos humanos Emad Baghi.
Já o também candidato opositor derrotado no pleito de junho Mehdi Karroubi acusou o governo de agir como a ditadura do xá, deposta pela Revolução de 1979, e questionou a morte de iranianos na data de Ashura, sagrada para xiitas.
Governistas linha-dura, por sua vez, manifestaram ontem apoio ao regime e defenderam o endurecimento da repressão.
Teerã confirmou também a prisão de um jornalista sírio de 27 anos da TV Dubai, segundo colega que pediu anonimato.

Com agências internacionais



Texto Anterior: Em Guarulhos, novas medidas prolongam tempo de embarque
Próximo Texto: Amorim diz que situação no Irã "não é extrema"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.