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Blair defende decisão de ter atacado Iraque
Ex-premiê britânico diz em audiência que Saddam obteria armas proibidas e prega ações duras contra Irã
DA REDAÇÃO
O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair (1997-2007)
disse ontem que não se arrepende da controversa decisão
de participar da invasão do Iraque liderada pelos EUA, em
2003, e sugeriu uma ação semelhante contra o Irã.
As declarações foram feitas
em depoimento de seis horas
de duração diante de uma comissão independente que investiga o impopular envio de 45
mil soldados britânicos na
ofensiva que derrubou o ditador Saddam Hussein.
A comissão não tem poderes
legais, mas embaraça os líderes
que endossaram o pretexto,
que se comprovou falso, de que
Saddam desenvolvia armas de
destruição em massa destinadas a serem lançadas contra o
Ocidente, a exemplo dos atentados de 11 de Setembro.
Feita à revelia da ONU e de
potências como Rússia e França, a invasão do Iraque abriu
uma era de violência sectária
no Iraque que deixou até agora
cerca de 100 mil mortos, entre
eles 179 soldados britânicos.
"A decisão que tomei -e
francamente tomaria de novo-
foi que, se houvesse qualquer
possibilidade de que [Saddam]
pudesse desenvolver armas de
destruição em massa, nós deveríamos impedi-lo", disse Blair,
que admitiu falhas no planejamento do pós-guerra.
Atual representante do
Quarteto para o Oriente Médio
(ONU, União Europeia, EUA e
Rússia), Blair afirmou que os
atentados de 11 de Setembro levaram a uma mudança de pensamento no Ocidente e exigiam
que fossem revisados os "cálculos do risco" representado por
regimes inimigos.
Segundo o ex-premiê, que
perdeu o apoio de muitos aliados do Partido Trabalhista por
causa da guerra, Saddam acabaria tendo armas de destruição
em massa cedo ou tarde.
"Saddam era um monstro, e
acredito que ele ameaçava não
apenas a região, mas também o
mundo", completou o ex-premiê, que aparentava tranquilidade e respondeu com segurança aos questionamentos dos
cinco membros da comissão.
Questionado sobre as milhares de mortes de civis, o ex-premiê se eximiu da responsabilidade. "Os números de mortos
são terríveis, mas a pergunta é
quem os está matando", questionou Blair, se dizendo convencido de que "[os iraquianos]
não querem voltar à época em
que não tinham liberdade".
Blair aproveitou a visibilidade proporcionada pela comissão e transformou seu depoimento em plataforma para defender um ataque ao Irã, acusado de patrocinar grupos radicais no Oriente Médio e de desenvolver em sigilo uma bomba
atômica -acusações negadas
por Teerã. Ele disse ter mais temor do Irã do que tinha de Saddam e pediu uma abordagem
"linha dura" como solução.
Do lado de fora do auditório,
em Londres, manifestantes pediam a condenação do ex-premiê como criminoso de guerra.
Theresea Evans, cujo filho de
24 anos morreu em combate no
Iraque em 2003, afirmou: "Eu
só queria que Blair me olhasse
nos olhos e me dissesse que lamenta. Mas ele esteve aí dentro
sorrindo e cheio de empáfia, foi
algo realmente doloroso".
Com agências internacionais
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