São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2004

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ÁSIA CENTRAL

Aliado militar dos EUA, país suspeita de organizações estrangeiras ligadas a grupos extremistas islâmicos locais

Série de ataques terroristas mata 19 no Uzbequistão

DA REDAÇÃO

Ao menos 19 pessoas morreram em uma série de explosões e de ataques a tiros ontem no Uzbequistão -aliado dos EUA na guerra ao terror. Grupos extremistas islâmicos baseados no país e organizações terroristas estrangeiras são os principais suspeitos.
Em dois atentados suicidas (algo inédito no país), duas mulheres se explodiram no mercado de Chorsu, o mais movimentado da capital, Tashkent. A primeira detonou explosivos diante de uma loja de produtos infantis e a segunda num ponto de ônibus. Três policiais e uma criança morreram. Outros três policiais morreram em ataques a tiros.
As explosões começaram no domingo à noite. Dez pessoas morreram quando uma bomba explodiu em Bukhara, a cerca de 600 km de Tashkent. Autoridades disseram que o local era utilizado por extremistas islâmicos, e a explosão ocorreu quando um terrorista preparava uma bomba.
O presidente uzbeque, Islam Karimov, disse em rede nacional de TV que a preparação para os ataques terroristas "durou cerca de seis meses". Ele afirmou que essas operações necessitam de grandes somas de dinheiro e que algumas "forças" de outras partes do mundo as patrocinaram. Karimov acrescentou que algumas prisões foram feitas, mas não entrou em detalhes.
O chanceler do país, Sadyk Safayev, disse que as ações foram cometidas por organizações terroristas estrangeiras ligadas a grupos locais como o Wahabis (composto por wahabitas, ramo do islamismo que segue uma interpretação literal do Alcorão) e o Hizb ut Tahrir (grupo que prega o estabelecimento de um Estado islâmico no Uzbequistão).
Autoridades também não descartam o envolvimento do Movimento Islâmico do Uzbequistão (MIU), pois os explosivos eram similares aos utilizados em ações terroristas em Tashkent, em 1999, quando houve uma tentativa do MIU de matar Karimov.
Em recentes operações na área tribal na fronteira do Paquistão com o Afeganistão, autoridades paquistanesas disseram ter ferido Tahir Yuldush, líder do MIU.
Todos esses grupos são ilegais no Uzbequistão, ex-república soviética de maioria muçulmana, governado por um presidente considerado um duro repressor dos extremistas islâmicos.
A organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch afirma que o governo de Karimov, no poder desde antes da independência do país, em 1991, viola os direitos humanos, persegue seus opositores e pratica tortura.
O Hizb ut Tahrir afirmou em Londres que é contra o terrorismo e que não teve nenhuma participação nos ataques de ontem. Atonazar Arifov, líder do partido opositor Erk, disse temer um aumento da repressão do governo a partir de agora.
Os EUA utilizam uma base aérea no Uzbequistão para lançar ataques no vizinho Afeganistão. O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, em visita ao Uzbequistão no mês passado, deu início a negociações para o uso de bases uzbeques pelas forças militares americanas sempre que for necessário.


Com agências internacionais


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