São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2005

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AMÉRICA DO SUL

Operação na fronteira entre os 2 países foi vista como retaliação a medidas brasileiras para diminuir contrabando

Paraguai expulsa cerca de 100 brasileiros

DA FRANCE PRESSE

Cerca de cem brasileiros que trabalham em Ciudad del Este, no Paraguai, mas moram em Foz do Iguaçu (PR), foram expulsos ontem durante uma operação de autoridades paraguaias na ponte da Amizade, afirmou o diretor do serviço de imigração paraguaio, Carlos Liseras.
"Iniciamos uma operação para controlar a entrada de pessoas, motos, táxis e ônibus e constatamos que havia uma grande quantidade de pessoas sem documentação, que expulsamos", afirmou Liseras.
Ele estima que um total de 7.000 a 10 mil brasileiros morem no Brasil e atravessem diariamente a fronteira para trabalhar em Ciudad del Este.
Segundo Liseras, a operação verificou que muitos estrangeiros tinham vistos de permanência falsos, com assinatura e carimbos de autoridades locais.

Anulação de documentos
"Vamos tomar medidas para anular esses documentos, que foram feitos com base em declarações falsas e fraudulentas, caracterizadas na legislação penal", afirmou Liseras.
Ele abriu 300 processos contra empresários que contratam brasileiros sem documentos e anunciou que o controle se estenderá a centenas de pontos comerciais da cidade.
O governo brasileiro implementou há mais de um mês o bloqueio da passagem de mercadorias compradas no Paraguai e prometeu indenizar cidadãos paraguaios que se sintam afetados pela medida.
Para autoridades de Ciudad del Este e os paraguaios afetados pelas medidas, a operação paraguaia é uma retaliação a medidas aplicadas pela Receita Federal e pela Polícia Federal brasileiras. Eles acusam as autoridades brasileiras de dissimularem o combate à pirataria exigido pelos EUA, "tomando Ciudad del Este como bode expiatório".

Combate ao contrabando
Carlos Walde, assessor econômico do presidente paraguaio, Nicanor Duarte, disse que o Brasil negocia com os EUA uma ampliação da isenção tarifária de seus produtos dentro do Sistema Geral de Preferências e que há a exigência de que o Brasil mostre que combate o contrabando e a pirataria.
"O Brasil tem sérios problemas com contrabando e produtos falsificados, especialmente com a Microsoft, mas a porcentagem [de produtos] que ingressa no país por Ciudad del Este é ínfima quando comparada com o que entra pelos portos de lugares como Santos", afirmou Walde.


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