São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO SCHIAVO

Empresa de mala direta reuniu mensagens e pede dinheiro para pagar advogados; lista será agora vendida

Pai de Terri autoriza venda de e-mails de doadores

DA REDAÇÃO

Bob Schindler, pai de Terri Schiavo, autorizou uma empresa de mala direta a comercializar a lista com os endereços eletrônicos de 10 mil americanos catalogados para contribuições em dinheiro para a batalha judicial que procurou manter viva sua filha.
Schiavo, 41, em estado vegetativo desde 1990, completou ontem 11 dias sem receber água nem nutrientes que prolongariam a sua vida.
A retirada do tubo de alimentação ocorreu por decisão judicial, contra a qual seus pais perderam uma sucessão de recursos, inclusive na Suprema Corte.
A informação de que a lista dos contribuintes voluntários seria comercializada foi publicada pelo "New York Times". Schindler, com a publicidade do caso, vem recebendo milhares de e-mails de carinho e solidariedade de várias partes dos EUA e do exterior.
Cadastrados, os remetentes passarão a receber solicitações de grupos que são adversários do aborto, do uso de células-tronco ou do casamento de homossexuais, temas que integram a agenda doutrinária desse segmento.
A empresa à qual Schindler cedeu a lista, a Response Unlimited, está pedindo US$ 250 por mês para 6 mil pessoas e US$ 500 por mês para 4 mil outras, um dinheiro com o qual ele pagaria os advogados. Em troca do serviço, a empresa foi autorizada a comercializar a lista.
Especialistas em privacidade disseram que a venda da lista não é ilegal. Um deles, Robert Gellman, disse que "é absolutamente curioso o fato de tudo poder ser vendido nos Estados Unidos, como informações pessoais".
A porta-voz não-remunerada da família Schindler, Pamela Hennessy, reagiu revoltada à informação. Disse que "todo mundo está querendo ganhar um dinheirinho às custas dela [Terri]".

Jesse Jackson
O pastor Jesse Jackson, tido como um liberal no espectro político americano, associou-se ontem ao grupo de conservadores e esteve na clínica de Schiavo da cidade de Pinellas Park, Florida.
"Rezamos por um milagre porque acreditamos em milagres", disse. "Estou comovido com essa injustiça [a decisão judicial de não realimentar a paciente]."
Informantes da família disseram que ela exibe "os primeiros sinais de agonia", sem urinar desde domingo e com mudanças de batimento cardíaco.
Michael Felos, advogado do marido de Terri, Michael, disse que, em seu quarto, Terri está rodeada de flores e de bichinhos de pelúcia. Ele entrou anteontem com um pedido de autópsia, tão logo Terri venha a morrer, o que poderá ocorrer, segundo os médicos, em no máximo três dias.
A autópsia comprovaria, a seu ver, a extensão das lesões que Terri sofreu há 15 anos e desmentiria a impressão dos seus pais de que ela mantém alguma consciência.
Ainda ontem a irmã de Terri, Suzanne Vitadamo, disse ter sido reconhecida ao visitá-la pela manhã, e que um olhar que ela lhe deu significava "por favor, ajude-me". Seu pai disse que "ela ainda está se comunicando conosco".
A clínica permanece cercada pela polícia. Nos 12 últimos dias 38 pessoas foram interpeladas quando tentavam entrar no local, com o propósito de levar água ou alimentos para a paciente.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Vaticano: Papa pode ser operado de novo, diz jornal
Próximo Texto: Panorâmica - Afeganistão: Suspeita de matar 27, mulher será processada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.