São Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2007

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Em sabatina, Zapatero erra preço de cafezinho, mas tenta se corrigir

DO COLUNISTA DA FOLHA

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e o presidente do governo espanhol, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, têm pelo menos uma coisa em comum: enroscaram-se, diante das câmeras de TV, em perguntas sobre trivialidades do cotidiano de mortais comuns.
Suplicy caiu em 1985, em debate durante a campanha para a Prefeitura paulistana. O mediador, Boris Casoy, quis saber o preço do pãozinho. O petista não tinha idéia ou tinha idéia errada.
A vez de Zapatero foi quarta-feira. Em sabatina no Canal 1 (estatal) da TV espanhola, com perguntas feitas por cem cidadãos comuns, o corretor de imóveis Jesús Cerdán, 51, perguntou o preço do cafezinho. "Oitenta centavos [de euros]", não titubeou Zapatero (o equivalente a R$ 2,24).
"Esse era o preço no tempo do avô Patxi, hoje não", contestou Cerdán, irônico.
Mas as semelhanças entre homens públicos brasileiros e espanhóis terminam aí. Os governantes na Europa em geral são compelidos a prestar contas ao público, por meio de entrevistas ou sabatinas como a de quarta-feira.
Essa cultura é tão arraigada que Zapatero não se conformou com o erro. No dia seguinte, foi à cafeteria do Parlamento espanhol, pediu um café e pagou 70 centavos.
Deu-se até ao luxo de ironizar: "Em León (sua cidade natal), custa menos ainda".
Aí, é razoável supor que voltem a se cruzar os hábitos espanhóis e brasileiros: a cafeteria das Cortes certamente goza de subsídios, porque o preço mais corrente do cafezinho tomado no balcão, nas cafeterias frequentadas por mortais comuns, é de 1,20 euro (ou R$ 3,36), 50% a mais do que era no "tempo do avô Patxi". (CR)


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