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Atentados no metrô matam 38 em Moscou
Mulheres-bomba se explodem em duas estações do centro da capital russa; Kremlin diz suspeitar de insurgentes islâmicos
Chanceler evoca hipótese de que militantes instalados no Afeganistão e no Paquistão tenham colaborado com os grupos do norte do Cáucaso
Vladimir Davidov/Reuters
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Flores em memória às vítimas depositadas na estação Lubianka, uma das atingidas pelos ataques na manhã de ontem em Moscou
DA REDAÇÃO
Em menos de uma hora, mulheres-bomba atacaram duas
estações de metrô do centro de
Moscou ontem, no horário de
pico da manhã. A ação deixou
38 mortos e mais de 60 feridos,
no pior atentado terrorista realizado na capital russa nos últimos seis anos.
Os insurgentes do norte do
Cáucaso -que, para o Kremlin,
têm apoio da Al Qaeda- foram
apontados como suspeitos pelo
chefe do serviço de segurança,
Alexander Bortnikov, mas não
assumiram a autoria. O chanceler da Rússia, Serguei Lavrov,
chegou a dizer que militantes
da fronteira entre Afeganistão
e Paquistão podem ter colaborado para a ação em Moscou,
sem citar a rede de Osama bin
Laden. "Sabemos que muitos lá
tramam ataques não só no Afeganistão, mas também em outros países. Às vezes as trilhas
levam ao Cáucaso", disse, segundo a agência russa Interfax.
Ontem, três sites ligados à Al
Qaeda receberam mensagens
de parabéns pelos ataques em
Moscou. Recentemente, as forças russas mataram líderes da
insurgência do Cáucaso -por
isso, há suspeita de retaliação.
Críticos disseram que os ataques mostram as falhas da política russa na Tchetchênia, uma
vez que a violência se espalhou
nos vizinhos Inguchétia e Daguestão. Grupos de defesa dos
direitos humanos acusaram o
Kremlin de ações "brutais".
Em 2004, rebeldes fizeram
dois ataques suicidas ao metrô
de Moscou em seis meses, deixando 50 mortos e gerando temor de que uma guerra explodisse na capital. No ano passado, tchetchenos assumiram um
ataque a bomba a um trem entre Moscou e São Petersburgo.
No mês passado, o líder rebelde Doku Umarov alertou os
russos de que a guerra estava
"chegando às suas cidades".
Ontem, o primeiro explosivo
foi detonado às 8h locais, na estação Lubianka, que fica abaixo
dos prédios do serviço secreto
federal, sucessor da KGB soviética. Cerca de 45 minutos depois, houve a outra explosão na
estação Parque Kulturi, próxima ao parque Górki.
Nos dois casos, os artefatos
foram detonados no momento
da abertura das portas, após a
chegada dos trens às plataformas lotadas. Um vídeo amador
feito na Lubianka pouco após a
explosão mostra as vítimas deitadas e sentadas no chão, sob
uma espessa cortina de fumaça.
Os feridos foram socorridos em
ambulâncias e em helicópteros.
O metrô de Moscou recebe 7
milhões de passageiros em um
dia útil, em média, e é o segundo mais movimentado do mundo, atrás apenas do de Tóquio.
Ontem, após os ataques, parte da linha vermelha do sistema
-onde ficam as estações atacadas- foi bloqueada. Devido às
conexões, outras linhas registraram atrasos, mas não chegaram a parar. Por volta das 16h,
ambas estações reabriram.
Repercussão
Em visita à Sibéria, o premiê
Vladimir Putin disse que a ação
foi "terrível nas consequências
e abominável na forma" e assegurou que os "terroristas serão
destruídos". Já surgiram especulações do eventual uso político da ação por Putin, que ganhou prestígio na luta contra o
separatismo tchetcheno e deverá participar da corrida presidencial de 2012.
Um grupo ligado a opositores
liberais, Solidariedade, adverte
em nota que, "sob a luta contra
o terrorismo, a repressão sobre
a oposição será fortalecida".
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, visitou uma das estações atingidas horas depois
do ataque e prometeu "encontrar e destruir" os responsáveis.
"O nosso povo morreu. Foi um
crime nojento." Ao lado da mulher, ele colocou um buquê de
rosas vermelhas com um laço
preto na plataforma atacada.
Em visita ao Afeganistão, o
presidente Barack Obama ligou
para o colega russo e prometeu
"ajudar a levar os responsáveis
pelo ataque à Justiça".
Com agências internacionais
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