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Raúl reestrutura partido e consolida poder em Cuba
Dirigente declara encerrada transição pós-afastamento de Fidel Castro; cúpula do PC terá um novo órgão executivo
Mudanças visam agilizar decisões e reforçar papel do partido, diz Raúl Castro; comutação de penas de morte beneficiará 30 presos
Alejandro Ernesto - 21.set.07/Efe
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Raúl Castro citou risco de "extrema direita" vencer nos EUA |
DA REDAÇÃO
O líder de Cuba, Raúl Castro,
consolidou sua posição no comando da ilha ao declarar encerrado o período de transição
iniciado com a doença de seu irmão, Fidel Castro, e anunciar
uma reorganização da cúpula
do Partido Comunista.
"Os acordos que aprovamos
encerram o período provisório
iniciado em 31 de julho de 2006
com o anúncio do comandante-em-chefe [de que estava transferindo "provisoriamente" a
Raúl seus cargos na ilha], até a
mensagem em que nos expressou seu propósito de ser apenas
um soldado das idéias", disse
Raúl em discurso à Sexta Plenária do Comitê Central do
Partido Comunista, presidida
por ele e sem o irmão presente.
A íntegra do discurso, feito
na noite de segunda-feira, foi
publicada ontem pela imprensa oficial cubana.
A intenção de militar apenas
no campo das idéias foi anunciada por Fidel em 19 de fevereiro último, ao renunciar formalmente a seus cargos no governo da ilha. Cinco dias depois, a Assembléia Nacional nomeava Raúl, 76, presidente do
Conselho de Estado, ou seja,
chefe do governo.
O ex-ditador ainda retém o
cargo de primeiro-secretário
do PC, mas ele não faz parte da
nova Comissão do Birô Político
do partido, anunciada por Raúl
Castro com o objetivo de "tornar mais funcional o processo
de tomada de decisões que exijam um tratamento rápido". A
comissão é presidida por Raúl e
formada por outros seis membros da alta cúpula do PC (leia
texto ao lado).
No discurso, Raúl deixou claro que a consolidação de seu
governo e as micro-reformas
econômicas anunciadas recentemente por ele não significam
uma redução do papel do PC
como único partido permitido
em Cuba. Ao contrário, ele afirmou que uma de suas prioridades é o fortalecimento do PC
para permitir sua sobrevivência depois da morte dos dirigentes históricos da revolução.
Comida e pena de morte
Raúl Castro frisou que um
dos principais objetivos das reformas é o aumento da produção agrícola no país, que classificou como "questão de máxima segurança nacional". Ele já
baixou medidas descentralizando decisões na agricultura,
liberando a venda de insumos e
dando maior autonomia aos
produtores privados.
Desde fevereiro, foi liberada
a compra, pela população cubana, de produtos cujo consumo
era antes proibido, como celulares e DVDs. No domingo, foi
anunciado um aumento das
aposentadorias. "Nossa meta
principal é continuar melhorando nosso imperfeito mas
justo sistema social, em meio à
realidade atual, que sabemos
extremamente complexa e mutante", disse o dirigente.
No discurso, Raúl Castro
também anunciou que todas as
penas de morte do país foram
comutadas para sentenças a
partir de 30 anos de prisão, com
a exceção de três detidos acusados de terrorismo. Ressaltou
que isso não significa a abolição
da pena capital, segundo ele
justificada no país pelo "terrorismo de Estado" cometido pelos Estados Unidos.
De acordo com a dissidente
Comissão Cubana de Direitos
Humanos, cerca de 30 pessoas
serão beneficiadas pela comutação de pena, que Raúl afirmou não ter sido adotada por
pressão, mas "como um ato soberano em consonância com a
conduta humanitária e ética
que caracteriza a revolução".
Ele ainda se referiu à disputa
presidencial nos EUA e, sem citar nomes, mas numa óbvia referência ao republicano John
McCain, à "possibilidade real"
de a "extrema direita conseguir
se impor" -o que, segundo disse, manteria "o clima mundial
de instabilidade e violência".
Raúl Castro anunciou a realização, em 2009, do Sexto Congresso do Partido Comunista, o
primeiro desde 1997.
Com agências internacionais
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