São Paulo, sexta-feira, 30 de abril de 2010

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entrevista

"País tem questões mais profundas do que luta com EPP"

DA REDAÇÃO

O professor José Rolon, doutor em ciências sociais pela USP que estuda a política do Paraguai, diz que o EPP é um bode expiatório da tentativa do governo Lugo de aplacar a pressão da elite do país. (GM)

 

FOLHA - Qual é a importância do esquerdista EPP?
JOSÉ APARECIDO ROLON
- O que se sabe é muito pouco. Parece que o grupo age como os movimentos dos anos 60, com assaltos a banco e sequestros para levantar fundos. Nunca ficou comprovado vínculo com as Farc. Esse estado de exceção é muito delicado, perigoso. Demonstra a incapacidade do governo em lidar com uma questão que é de polícia, de investigação. Parece que o EPP é bode expiatório, há várias questões mais profundas.

FOLHA - Quais objetivos o sr. vê no estado de exceção?
ROLON
- Qualquer governo paraguaio, quando chega ao poder, precisa lidar com as questões fronteiriças, particularmente com o Brasil, como Itaipu e brasiguaios. Uma envolve a soberania de vender a energia a preço de mercado ao Brasil e a terceiros. Outra data da ditadura, quando houve negociação das terras de fronteira. O que se percebe é que há dificuldade do governo em atender às reivindicações ouvindo os interesses brasileiros e da elite paraguaia. Parece, portanto, uma forma de aplacar os temores da elite.

FOLHA - Entre as forças políticas, quem sai ganhando?
ROLON
- Difícil avaliar. Eu acho que uma situação desse tipo interessa mais a grupos conservadores.

FOLHA - E como fica Lugo?
ROLON
- Lugo tem importância por romper com 60 anos de domínio colorado. Por outro lado, seu governo é frágil, fruto de várias alianças. Há problemas à direita e à esquerda.

FOLHA - Há risco de golpe?
ROLON
- Isso nunca pode ser descartado totalmente. Mas não há clima. O governo Lugo, por exemplo, andou fazendo movimentações nas Forças Armadas que seriam impensáveis anos atrás.


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