São Paulo, sábado, 30 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Londres tem festa, mas também desprezo

Enquanto milhares se reuniam na margem norte do Tâmisa, republicanos faziam festas antimonarquia no sul

Maioria do público que enfrentou longa espera para ver casal afirmava querer testemunhar o "momento histórico"

DE LONDRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES


O que faz pessoas viajarem quilômetros, dormirem na rua a uma temperatura de 10 graus e enfrentarem filas para ir ao banheiro só para ver dois jovens recém-casados por segundos e à distância?
A Folha questionou russos, coreanos, espanhóis, canadenses, americanos, britânicos e, claro, brasileiros, que foram ao centro de Londres ver o príncipe William e Kate Middleton. As palavras diferem, mas a ideia é a mesma: querem participar do momento histórico.
"Não estava com vontade vir, mas muitas pessoas começaram a me ligar do Brasil. Diziam: muita gente quer ir e você, que mora aí, não vai? Fui convencida", afirmou Tereza Reis Gomes, 33, que mora em Londres há cinco.
O esquema policial mais forte foi montado nos arredores do Palácio de Buckingham. Talvez nem fosse necessário: ali, uma multidão organizada e silenciosa deu pouco trabalho à policia.
Quem assistiu ao casamento pela TV pode ter ficado com a impressão de que Londres estava com a "febre do casamento". Não é assim.
A ponte Westminster, sobre o rio Tâmisa, dava uma ideia do clima na manhã de ontem. Na margem norte do rio ficam a abadia de Westminster e o palácio.
Lá todas as ruas estavam tomadas e pessoas fantasiadas se espremiam nas calçadas. Usavam coroas de papel e compravam bandeiras do Reino Unido com o rosto dos noivos por 7 libras (R$ 18).
Na margem sul, onde fica a London Eye (roda gigante) e a estação de Waterloo, nada de bandeiras. A cidade apenas aproveitava o feriado.
"É o primeiro-ministro que vai casar, né? Como ele se chama mesmo?", perguntou o vendedor paquistanês Jhasid Hal, 23, em um mercado no bairro de Bow Church.
Muito além de indiferença, houve também aversão.
O Movimento Republicano fez ontem sua própria festa, a Not a Royal Wedding Party (uma "não-festa" do casamento real, em tradução livre), com 700 participantes.
Em pleno centro de Londres, no bairro de Holborn, fecharam uma rua, que ocuparam com barraquinhas de protesto e brinquedos como a forca da monarquia, além de shows de jazz e bufê.
"Este casamento é uma piada. Temos 2,5 milhões de desempregados que precisam de dinheiro. Já não podemos sustentar essa monarquia", disse, na festa, o estudante Lexx Louis, 24.
(VAGUINALDO MARINHEIRO E LUÍSA BELCHIOR)


Texto Anterior: Análise: Elegante, vestido de noiva é uma cópia manjada de Grace Kelly
Próximo Texto: Televisão: Audiência dispara 48% na Grande São Paulo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.