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EUA tentam isolar Irã sem aval ONU, diz jornal
Memorandos mostram que EUA pressionam Europa e Japão a congelar fundos de Teerã e dificultar operações financeiras
Segundo o "Post", país tem
força-tarefa subordinada a
Departamento de Estado e
contornaria o Conselho de
Segurança do organismo
DA REDAÇÃO
Os Estados Unidos têm pressionado países da União Européia e o Japão a aderirem a uma
operação de congelamento de
fundos iranianos em seus sistemas financeiros e de bloqueio
de transferências de dinheiro
para aquele país islâmico. A informação, publicada ontem pelo "Washington Post", equivaleria à adoção de sanções econômicas que contornariam a
necessidade de uma resolução
do Conselho de Segurança da
ONU, onde Washington esbarra na forte resistência da Rússia
e da China.
As sanções multilaterais, se
adotadas, não incluiriam nenhum embargo à importação
de petróleo iraniano. O governo americano constata que alguns de seus parceiros, como a
Itália e o Japão, têm no Irã uma
fonte importante de fornecimento de óleo cru, e não acredita que mercados com tal perfil
aceitem ser sacrificados.
Segundo o "Post", o plano,
elaborado de modo discreto, já
está bastante avançado. Ele envolve uma força-tarefa do Departamento do Tesouro que está sob o comando da secretária
de Estado, Condoleezza Rice.
O regime islâmico está na mira da comunidade internacional por não ter demonstrado
que seu programa nuclear se
destina exclusivamente a finalidades civis (produção de eletricidade). O governo de George W. Bush acredita que a médio prazo Teerã pretenda produzir a bomba atômica, intenção que os iranianos negam.
O plano em elaboração tem
por meta bloquear a liberdade
financeira de todos os dirigentes ou entidades iranianas que
tenham conexão não só com o
projeto de enriquecimento de
urânio mas que também estejam ligados ao terrorismo -no
Iraque, no Líbano, em Israel e
nos territórios palestinos-, à
corrupção oficial e à supressão
da liberdade religiosa. Ao desencadear essa operação, Washington fecha em definitivo as
portas para consultas bilaterais
com os iranianos.
O "Washington Post" constata que décadas de sanções unilaterais a Cuba, Coréia do Norte e ao próprio Irã, com o qual
os EUA não têm relações diplomáticas desde 1979, não desgastaram ou aproximaram esses regimes do colapso. Mas citam os bons resultados na Líbia, que abandonou o projeto
de construir a bomba atômica e
se reconciliou com a comunidade internacional.
Documento americano ao
qual o jornal teve acesso afirma
que, com a adesão do Reino
Unido, da França, da Alemanha, da Itália e do Japão, as sanções "isolariam o regime iraniano" e neutralizariam a liberdade com a qual ele opera na
comunidade financeira.
Até agora, no entanto, a idéia
não tem sido recebida com entusiasmo pelos parceiros potenciais da operação. Há questões técnicas -nem todos os
países têm legislação que permita o congelamento de ativos
de outro Estado - e também
políticas, como o temor de que,
se isolado, o Irã seja o estopim
de um novo conflito no Oriente
Médio.
Reunião
Representantes dos cinco
membros permanentes do
Conselho de Segurança reúnem-se nesta quinta-feira, em
Viena, juntamente com a Alemanha, na tentativa de fechar
um pacote de medidas para o
Irã. São tanto incentivos -caso
o país concorde em interromper o enriquecimento de urânio em seu território- como
punições -se ele permanecer
irredutível em seu projeto de
produzir combustível nuclear.
Tudo indica que se caminha
para essa última alternativa.
Ainda ontem, em visita à Malásia, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, disse que o
objetivo de seu governo continua a ser o reconhecimento do
"direito essencial de dispor de
tecnologia nuclear".
Com agências internacionais
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