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Israel prende 64 altos membros do Hamas
Entre os detidos estão oito ministros e 23 parlamentares; nova incursão terrestre em Gaza é suspensa, mas ataques seguem
Segundo Egito, grupo aceita soltar soldado seqüestrado sob condições; para Hamas, ação de Israel visa derrubar
a Autoridade Palestina
Ariel Schalit/Associated Press
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Soldado de Israel faz disparo de artilharia contra alvo em Gaza |
DA REDAÇÃO
Israel prendeu 64 membros
do Hamas -entre eles oito ministros e 23 deputados filiados
ao braço político da organização terrorista- e prosseguiu
pelo terceiro dia com sua ofensiva na faixa de Gaza. Os ataques, que são uma resposta ao
seqüestro de um soldado por
radicais palestinos, atingiram o
Ministério do Interior, escritórios do Fatah (grupo do presidente Mahmoud Abbas) e dois
transformadores de energia no
norte de Gaza.
O Exército israelense, no entanto, decidiu adiar um plano
de invadir o norte da região.
O governo israelense informou que os detidos serão processados por envolvimento em
"atos terroristas". A ação ocorrida nas primeiras horas de ontem (no horário local) já vinha
sendo planejada há semanas,
segundo Israel.
"Terminou o baile de máscaras. Os ternos e gravatas não
servem mais para encobrir o
envolvimento e o apoio a seqüestros e ao terror", disse
Amir Peretz, o ministro da Defesa de Israel. "Ninguém está
imune. Isso não é um governo,
é uma organização criminosa",
afirmou Benjamin Ben Eliezer,
ministro da Infra-Estrutura.
Mushir al Masri, legislador e
integrante do alto escalão do
Hamas, que tem maioria no
Parlamento palestino, declarou
que "esse é um plano para destruir a Autoridade [Nacional
Palestina], o governo e o Parlamento para deixar o povo palestino de joelhos". Ele acrescentou que o grupo nunca irá
reconhecer Israel, condição
que estava sendo negociada internamente pelos palestinos
para negociações de paz com os
israelenses.
Questionado se os membros
do Hamas seriam soltos caso o
soldado fosse libertado, o chefe
do comando central do Exército de Israel respondeu positivamente, apesar de o governo ter
negado que as prisões seriam
usadas como moeda de troca.
"Acho que sim. A decisão de
prendê-los veio do setor político... e acho que a perspectiva do
setor político poderia mudar se
[o soldado] Gilad Shalit fosse libertado", declarou o major-general Yair Neveh.
"Preocupação"
A secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, e os ministros das Relações
Exteriores do G8 (os sete países
mais ricos e a Rússia) divulgaram uma nota conjunta em que
expressaram "preocupação"
com a prisão dos membros do
Hamas. O grupo exortou Israel
e suas forças militares a demonstrarem "moderação" na
faixa de Gaza.
Embora diga publicamente
que os israelenses têm o direito
de se defender, Washington
vem advertindo contra "excessos" na ofensiva militar. Integrantes da administração Bush
afirmaram às agências de notícias que, mesmo sem atingir civis, os ataques podem aumentar o apoio público ao Hamas.
Já a ONU alertou para uma
crise humanitária na faixa de
Gaza devido à falta de energia e
de combustível. A maioria do
1,4 milhão de pessoas que vivem na região estão sem luz.
Intervenção
O presidente da Autoridade
Nacional Palestina, Mahmoud
Abbas, pediu a intervenção das
Nações Unidas para conseguir
a libertação do soldado Gilad
Shalit, 19, que estava sendo
mantido refém por três organizações radicais. Não há notícias
sobre o militar, e um dos grupos envolvidos no seqüestro limitou-se a dizer que Shalit está
"em lugar seguro".
Segundo o jornal "Haaretz",
informações da ANP dão conta
de que o soldado está sendo escondido no campo de refugiados de Khan Yunis, no sul de
Gaza.
O governo egípcio pediu para
que Israel desse mais tempo
para as negociações na tentativa de libertar Shalit. O adiamento da invasão militar do
norte de Gaza estaria relacionado ao pedido do Egito.
Em entrevista ao jornal oficial "Al-Ahram" o presidente
egípcio, Hosni Mubarak, disse
que o Hamas havia concordado
com a libertação do militar sob
condições, mas que Israel ainda
não havia aceitado o acordo.
Trégua
Mas diante da perspectiva de
que Israel invada a parte norte
da faixa de Gaza, assim como
ocorreu no sul, militantes de
grupos ligados aos rivais Fatah
e Hamas interromperam suas
disputas -que levaram recentemente à morte de mais de 20
pessoas e levantaram a possibilidade de guerra civil- e organizaram uma patrulha conjunta nas ruas da faixa de Gaza.
No campo de refugiados de
Jabalya, oito grupos armados
relacionados a ambas as organizações estabeleceram um comando central para se preparar
contra uma incursão israelense
no norte da região.
O sobrevôo anteontem do
palácio de verão do ditador da
Síria, Bashar Assad, por jatos israelenses também serviu para
unir os países árabes na condenação do que classificaram como um ato de intimidação. A
Síria abriga Khaled Meshaal, líder exilado do Hamas em Damasco, que Israel acusa de participação no planejamento do
seqüestro do soldado, o que é
negado por Meshaal.
O Líbano, que acusa os sírios
pelo assassinato do ex-premiê
libanês Rafik Hariri, e a Jordânia, que tem um acordo de paz
com Israel, enviaram mensagens de apoio a Assad.
O primeiro-ministro sírio,
Mohammad Naji Otari, disse
que o sobrevôo israelense tem
o objetivo de "encobrir os selvagens crimes que a ocupação
de Israel está cometendo na faixa de Gaza".
Com agências internacionais
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