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Emprego norteia propostas econômicas para o México
Formas de combater o baixo crescimento acirram debate entre presidenciáveis
Enquanto o esquerdista López Obrador defende um Estado forte na economia, o conservador Calderón quer manter modelo neoliberal
RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL
À CIDADE DO MÉXICO
Os candidatos favoritos à
Presidência do México prometem crescimento econômico e
geração de empregos em massa. Só que as receitas para chegar a um milagre econômico
são bem diferentes.
O esquerdista Andrés Manuel López Obrador, conhecido
como AMLO, promete crescimento do gasto público, com
aumentos salariais, pensões extra para maiores de 60 anos e
grandes obras públicas de infra-estrutura. Já para o candidato conservador Felipe Calderón, o país está no caminho certo. Ele promete aprovar as reformas tributária e do Estado,
paralisadas no Congresso, e estimular as pequenas empresas
e o livre comércio.
Como promover o crescimento econômico é uma das
grandes questões da campanha. Apesar de ter índices macroeconômicos sólidos, o México teve um crescimento médio
de apenas 2,7% ao ano nos últimos cinco anos, equivalente ao
da economia brasileira. A inflação e a taxa de juros são baixas,
o país tem o menor risco-país
(que mede a expectativa dos investidores de que um governo
salde suas dívidas) da região, e
as exportações crescem.
Mas boa parte da população
mexicana é subempregada. O
norte do país recebe o grosso
dos investimentos estrangeiros, enquanto o sul continua
miserável. A válvula de escape
continua a ser a imigração para
os EUA -400 mil mexicanos
partem ao norte por ano.
A campanha de Calderón enfatizou a estabilidade e o fato de
o terreno ser propício para o
crescimento a partir de agora.
"Em 2006, a economia cresceu 5,5% em relação ao ano
passado e foram criados 800
mil empregos formais. Com as
novas reformas e a liderança de
Calderón, o país viverá um
crescimento sustentável", disse
à Folha o economista Eduardo
Sojo, autor do plano econômico do candidato e favorito a ser
o ministro da Fazenda se o
conservador vencer.
Entre as prioridades de Sojo,
estão transformar o Oportunidades, a versão mexicana do
Bolsa-Família, em projeto de
capacitação e financiamento
de pequenas empresas para famílias mais pobres e investir os
excedentes do petróleo em infra-estrutura.
Grandes obras
A receita de AMLO é diferente. Ele promete crescimento
com o aumento do gasto público. Propõe a construção de um
novo aeroporto internacional
para a Cidade do México e dois
trens de alta velocidade partindo da capital rumo a Tijuana e a
Nuevo Laredo, cidades industriais na fronteira com os EUA.
O esquerdista também promete aumentar em 20% o valor
médio dos salários no país -pelo menos para quem ganha até
US$ 800 mensais. "Maior salário, maior consumo, maior produção, empregos reais" -a versão mexicana do New Deal.
Apesar de ter passado a campanha criticando industriais e a
elite por não pagarem impostos
e atacando nominalmente alguns dos maiores empresários
do país, AMLO mudou de tom.
"Não sou inimigo dos empresários, como dizem meus inimigos, mas sou inimigo dos especuladores", afirmou a uma revista mexicana.
Apesar da tônica populista, o
favorito para ser ministro da
Fazenda em um governo AMLO é o economista Rogelio Ramírez de la O, considerado um
"moderado" por empresários e
economistas locais.
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