São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Emprego norteia propostas econômicas para o México

Formas de combater o baixo crescimento acirram debate entre presidenciáveis

Enquanto o esquerdista López Obrador defende um Estado forte na economia, o conservador Calderón quer manter modelo neoliberal

RAUL JUSTE LORES
ENVIADO ESPECIAL
À CIDADE DO MÉXICO

Os candidatos favoritos à Presidência do México prometem crescimento econômico e geração de empregos em massa. Só que as receitas para chegar a um milagre econômico são bem diferentes.
O esquerdista Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO, promete crescimento do gasto público, com aumentos salariais, pensões extra para maiores de 60 anos e grandes obras públicas de infra-estrutura. Já para o candidato conservador Felipe Calderón, o país está no caminho certo. Ele promete aprovar as reformas tributária e do Estado, paralisadas no Congresso, e estimular as pequenas empresas e o livre comércio.
Como promover o crescimento econômico é uma das grandes questões da campanha. Apesar de ter índices macroeconômicos sólidos, o México teve um crescimento médio de apenas 2,7% ao ano nos últimos cinco anos, equivalente ao da economia brasileira. A inflação e a taxa de juros são baixas, o país tem o menor risco-país (que mede a expectativa dos investidores de que um governo salde suas dívidas) da região, e as exportações crescem.
Mas boa parte da população mexicana é subempregada. O norte do país recebe o grosso dos investimentos estrangeiros, enquanto o sul continua miserável. A válvula de escape continua a ser a imigração para os EUA -400 mil mexicanos partem ao norte por ano.
A campanha de Calderón enfatizou a estabilidade e o fato de o terreno ser propício para o crescimento a partir de agora.
"Em 2006, a economia cresceu 5,5% em relação ao ano passado e foram criados 800 mil empregos formais. Com as novas reformas e a liderança de Calderón, o país viverá um crescimento sustentável", disse à Folha o economista Eduardo Sojo, autor do plano econômico do candidato e favorito a ser o ministro da Fazenda se o conservador vencer.
Entre as prioridades de Sojo, estão transformar o Oportunidades, a versão mexicana do Bolsa-Família, em projeto de capacitação e financiamento de pequenas empresas para famílias mais pobres e investir os excedentes do petróleo em infra-estrutura.

Grandes obras
A receita de AMLO é diferente. Ele promete crescimento com o aumento do gasto público. Propõe a construção de um novo aeroporto internacional para a Cidade do México e dois trens de alta velocidade partindo da capital rumo a Tijuana e a Nuevo Laredo, cidades industriais na fronteira com os EUA.
O esquerdista também promete aumentar em 20% o valor médio dos salários no país -pelo menos para quem ganha até US$ 800 mensais. "Maior salário, maior consumo, maior produção, empregos reais" -a versão mexicana do New Deal.
Apesar de ter passado a campanha criticando industriais e a elite por não pagarem impostos e atacando nominalmente alguns dos maiores empresários do país, AMLO mudou de tom. "Não sou inimigo dos empresários, como dizem meus inimigos, mas sou inimigo dos especuladores", afirmou a uma revista mexicana.
Apesar da tônica populista, o favorito para ser ministro da Fazenda em um governo AMLO é o economista Rogelio Ramírez de la O, considerado um "moderado" por empresários e economistas locais.


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