São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gabinete israelense aceita fazer acordo com Hizbollah

Presos libaneses e palestinos serão soltos em troca de cadáveres de soldados

Críticos do acerto afirmam que o trato pode incentivar as milícias a seqüestrarem mais soldados de Israel e a matarem os prisioneiros

DA REDAÇÃO

O governo de Israel concordou ontem em libertar um guerrilheiro libanês condenado à prisão perpétua em troca dos corpos de dois soldados mortos por guerrilheiros do grupo radical xiita libanês Hizbollah.
O acordo, mediado pela Alemanha, dá uma rara vitória política ao premiê israelense, Ehud Olmert, cujo cargo está ameaçado por suspeitas de corrupção, e coloca um fecho, ainda que precário, à guerra que Israel lançou contra a milícia extremista xiita dois anos atrás.
Críticos, entretanto, afirmam que o alto preço pago poderá incentivar as milícias que combatem Israel a matar soldados cativos. Dizem, também, que o Hizbollah vai aproveitar a ocasião para declarar vitória.
O gabinete israelense aprovou a troca por 22 votos contra 3. O governo receberá os corpos de Ehud Goldwasser and Eldad Regev, capturados pelo Hizbollah em 2006, numa incursão que deu início a um mês de intensos combates. Pouco antes da reunião do gabinete, Olmert anunciou pela primeira vez que os soldados estavam mortos. Apesar disso, pediu a aprovação do acordo, citando o compromisso moral de Israel com soldados mortos e cativos.
"Desde crianças somos ensinados que não abandonamos nossos feridos no campo de batalha e que não deixamos nossos soldados no cativeiro sem fazer tudo o que podemos para libertá-los", disse.
Israel também receberá partes de corpos de outros soldados mortos na guerra do Líbano e um relatório completo do Hizbollah sobre Ron Arad, um piloto israelense que está desaparecido desde que seu avião caiu no Líbano, em 1986.

Assassinato cruel
A parte mais difícil do acordo é a soltura de Samir Kantar. Ele cumpre prisão perpétua por, em 1979, ter matado um israelense de 28 anos, sua filha, de quatro, e um policial.
Segundo testemunhas, Kantar arremessou a cabeça da menina contra uma pedra e esmagou seu crânio com a coronha do rifle. O ataque é considerado pelos israelenses um dos mais cruéis da história.
A mãe da menina, tentando silenciar os gritos de sua outra filha, de dois anos, enquanto Kantar atacava o apartamento, sufocou-a acidentalmente.
Ontem, a mãe, Smadar Haran Kaiser, disse que se sentia arrasada com a decisão, mas que a compreendia.
Israel também concordou em libertar quatro outros prisioneiros libaneses, dezenas de corpos e um número não revelado de prisioneiros palestinos.
Críticos argumentam que a troca de Kantar por corpos representa um precedente perigoso, pois oferece a grupos extremistas maior incentivo para capturar soldados e menos razões para mantê-los vivos.
Israel negocia também um acordo com o grupo palestino Hamas para a libertação do sargento Gilad Schalit, capturado em 2006. Há indícios de que Schalit esteja vivo.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Obama apóia livre comércio, diz assessor
Próximo Texto: Israelenses reabrem três postos de fronteira na faixa de Gaza
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.