|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Obama afirma que golpe abre "terrível precedente" na região
Presidente diz que agirá em coordenação com a OEA, que tem nova reunião hoje
Hondurenho deposto vai
a reuniões de Alba, bloco
da América Central e Grupo
do Rio na Nicarágua; ele
faz discurso hoje na ONU
DE NOVA YORK
DA REDAÇÃO
O presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, qualificou ontem o golpe em Honduras como um ato "ilegal" que
abre um "terrível precedente"
para a região.
"Não foi legal, e o presidente
[Manuel] Zelaya permanece o
presidente de Honduras, o presidente eleito democraticamente", afirmou Obama em
entrevista após encontro com o
presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. "Não queremos voltar
para um passado de escuridão."
Obama afirmou que o país
trabalhará em parceria com os
membros da OEA (Organização dos Estados Americanos)
para que Zelaya volte ao poder
-a exigência faz parte da resolução aprovada anteontem por
aclamação pelos 34 países da
organização.
Antes disso, a secretária de
Estado, Hillary Clinton, havia
evitado declarar que o presidente hondurenho fora vítima
de um golpe militar. Tampouco
endossou a exigência do retorno de Zelaya ao poder.
Questionada por repórteres
se um reconhecimento formal
obrigaria os EUA a rever a ajuda ao país, como prevê a legislação americana, ela disse: "Muito da nossa assistência é condicionada à integridade do sistema democrático. Mas se for
possível ter um ... status quo
que volte a se submeter à lei e à
ordem constitucional num período curto de tempo, eu penso
que seria um bom resultado".
Segundo a agência Reuters
apurou com funcionários do
Departamento do Estado, Washington evitaria uma retaliação
econômica imediata contra Tegucigalpa como maneira de
manter canais abertos de negociação com o novo governo.
As Forças Armadas hondurenhas têm fortes laços com Washington desde a Guerra Fria -o
país abriga até hoje uma base
militar próximo à capital.
Funcionários do governo
Obama disseram, porém, que
os militares deixaram de atender as ligações e fizeram pouco
caso das advertências de que os
EUA não apoiariam um golpe.
Nicarágua, OEA e ONU
Na América Latina, a movimentação diplomática em torno da crise hondurenha mudou-se ontem para Manágua,
capital da Nicarágua, com a
chegada do próprio Zelaya e de
um punhado de presidentes da
região à cidade.
Em Manágua foram agendadas reuniões simultâneas da Sica (Sistema de Integração Centro-americana), já marcada antes do golpe, da chavista Alba
(Alternativa Bolivariana para
as Américas) e do Grupo do Rio
-Honduras faz parte de todos
os organismos multilaterais.
A Sica decidiu isolar economicamente Honduras e ordenou que Banco Centro-americano de Integração Econômica
(BCIE) congele todos os repasses ao país. Ainda que de pouco
relevo, foi a primeira retaliação
econômica ao novo governo
hondurenho.
Ao lado do hondurenho deposto, os presidentes da Alba
Daniel Ortega (Nicarágua), Hugo Chávez (Venezuela), Evo
Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador) anunciaram que
retirarão seus embaixadores de
Tegucigalpa como resposta à
deposição do governo.
"[Em Honduras] há um culpado: a mídia, os meios da burguesia, e esse é um dos temas
para debater", disse Chávez.
Mais tarde, chegou a Manágua Raúl Castro, dirigente de
Cuba, país que participa do bloco chavista e do Grupo do Rio,
ao qual a ilha aderiu em 2008.
O presidente do México, Felipe Calderón, na chefia rotativa do Grupo do Rio, presidiria a
reunião extraordinária do fórum. Pelo Brasil, viajou o secretário-geral do Itaramaraty, Samuel Pinheiro Guimarães.
Para hoje está prevista mais
uma reunião da OEA para discutir a crise, dessa vez com a
participação dos chanceleres
dos países-membros, na sede
da entidade, em Washington.
Já Zelaya deve discursar hoje
na ONU, em Nova York.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Entrevista: "Golpe expõe limites de poder dos EUA" Próximo Texto: Retorno: Zelaya promete volta a Honduras na quinta e chama aliados Índice
|