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Sudanês pode criar nova saia justa para Lula
Brasileiro é convidado de honra de cúpula africana
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A TRÍPOLI (LÍBIA)
Países africanos deverão fazer uma nova tentativa de conquistar o apoio do governo brasileiro ao ditador do Sudão,
Omar al Bashir, que, em março,
recebeu ordem internacional
de prisão por crimes de guerra
e contra a humanidade na região de Darfur.
Bashir tem presença confirmada na cúpula da União Africana (UA), que começa amanhã
na cidade líbia de Sirte. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
será o convidado de honra.
Bashir já desafiou a decisão
algumas vezes em viagens ao
exterior. Mas sempre a países
que não são membros da corte
ou que se comprometeram a
não executar a ordem de prisão.
Há três meses, Lula passou
por um inesperado constrangimento no Qatar, ao ser colocado ao lado de Bashir no banquete da Cúpula Árabe-Sul-Americana. Para evitar um contato
com o ditador sudanês, Lula
deixou o almoço no início, alegando que precisava telefonar.
Para a reunião que começa
amanhã em Sirte, 300 km a leste da capital líbia, os países africanos preparam uma moção de
solidariedade a Bashir.
A moção deve incluir uma recomendação para que os membros da UA abandonem o TPI
(Tribunal Penal Internacional)
em protesto contra o que consideram um desrespeito à soberania do Sudão. Dos 53 países
da União Africana, 30 são signatários do órgão.
O Brasil não será chamado a
endossar o documento, mas a
expectativa no Itamaraty é que
haja uma renovação do pedido
de apoio a Bashir, que já foi feito até em gestões do próprio governo sudanês em Brasília.
A diplomacia brasileira garante, entretanto, que não há
preocupação de que um constrangimento como o de Doha se
repita. "Eles conhecem bem
nossa posição sobre o TPI",
afirma o embaixador do Brasil
em Trípoli, Luciano Rosa.
O Brasil é signatário do TPI e,
embora criticado por não ter se
manifestado a favor da ordem
de prisão contra Bashir, já deixou claro que apoia as decisões
da corte. Em recente sabatina
no Congresso, o chanceler Celso Amorim foi categórico: se for
ao Brasil, Bashir será preso.
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