São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 2009

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Sudanês pode criar nova saia justa para Lula

Brasileiro é convidado de honra de cúpula africana

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A TRÍPOLI (LÍBIA)

Países africanos deverão fazer uma nova tentativa de conquistar o apoio do governo brasileiro ao ditador do Sudão, Omar al Bashir, que, em março, recebeu ordem internacional de prisão por crimes de guerra e contra a humanidade na região de Darfur.
Bashir tem presença confirmada na cúpula da União Africana (UA), que começa amanhã na cidade líbia de Sirte. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o convidado de honra.
Bashir já desafiou a decisão algumas vezes em viagens ao exterior. Mas sempre a países que não são membros da corte ou que se comprometeram a não executar a ordem de prisão.
Há três meses, Lula passou por um inesperado constrangimento no Qatar, ao ser colocado ao lado de Bashir no banquete da Cúpula Árabe-Sul-Americana. Para evitar um contato com o ditador sudanês, Lula deixou o almoço no início, alegando que precisava telefonar.
Para a reunião que começa amanhã em Sirte, 300 km a leste da capital líbia, os países africanos preparam uma moção de solidariedade a Bashir.
A moção deve incluir uma recomendação para que os membros da UA abandonem o TPI (Tribunal Penal Internacional) em protesto contra o que consideram um desrespeito à soberania do Sudão. Dos 53 países da União Africana, 30 são signatários do órgão.
O Brasil não será chamado a endossar o documento, mas a expectativa no Itamaraty é que haja uma renovação do pedido de apoio a Bashir, que já foi feito até em gestões do próprio governo sudanês em Brasília.
A diplomacia brasileira garante, entretanto, que não há preocupação de que um constrangimento como o de Doha se repita. "Eles conhecem bem nossa posição sobre o TPI", afirma o embaixador do Brasil em Trípoli, Luciano Rosa.
O Brasil é signatário do TPI e, embora criticado por não ter se manifestado a favor da ordem de prisão contra Bashir, já deixou claro que apoia as decisões da corte. Em recente sabatina no Congresso, o chanceler Celso Amorim foi categórico: se for ao Brasil, Bashir será preso.


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