São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Candidato é vítima de "guerra" mexicana

Governo Calderón culpa narcotráfico por assassinato de candidato opositor a governador dias antes de eleição

Presidente pede uma "resposta unitária" ao inimigo comum que "ameaça instituições democráticas" do país


DE SÃO PAULO

A política de enfrentamento militar do narcotráfico do presidente mexicano, Felipe Calderón, recebeu mais um duro golpe com o assassinato de um candidato oposicionista ao governo de Tamaulipas, dias antes da eleição.
Rodolfo Torre Cantú, do PRI (Partido Revolucionário Institucional), foi morto em emboscada com membros de sua campanha e um deputado. Nenhum dos vários grupos de narcotraficantes do país reivindicou a autoria.
No domingo, acontecem eleições em 14 dos 31 Estados do México. Apesar de ainda não haver um nome para substituir Torre, seu partido e o governo decidiram dar continuidade ao pleito.
Desde dezembro de 2006, quando Calderón endureceu o combate ao tráfico, está em curso uma escalada de violência no país.
Homicídios e sequestros aumentaram, revertendo os ganhos da década anterior.
Neste ano, vários políticos e candidatos declararam sofrer ameaças de morte.
Em maio, um candidato a prefeito foi morto um dia após o Exército invadir as instalações de um grupo de narcotraficantes, onde havia 55 mil cartuchos de munição e 124 armas de grosso calibre.
Ontem, o presidente Calderón, do PAN (Partido da Ação Nacional), pediu uma resposta "unitária e eficaz" da sociedade e dos partidos políticos a esse inimigo comum que "ameaça as instituições democráticas".
Para Jaime López-Aranda Trewartha, do Centro de Investigação para o Desenvolvimento do México, os principais partidos do país, PRI e PAN, disputam politicamente a questão da segurança.

ESTRATÉGIA
Na oposição, o PRI prefere ver o desgaste que Calderón sofre com o tema. No governo, Calderón propôs projetos que aumentam os poderes do Exército sem oferecer a transparência necessária em troca, observa López-Aranda.
Ele minimiza comparações da situação mexicana com a Colômbia. A ausência de território dominado por criminosos e de agenda política coordenada faz com que no México "não exista um Pablo Escobar" -traficante colombiano que desafiou as autoridades e era admirado por parte da população.
Entretanto, o analista afirma que o assassinato do "virtualmente próximo governador" e o aumento de ameaças a políticos oferecem "os sinais de uma mudança estratégica" dos traficantes.
O endurecimento por parte do governo, mudanças na estrutura de venda de cocaína nos EUA e disputas internas entre os traficantes desestabilizaram os grupos, aumentando a violência, opina.

IMPRENSA
Jornalistas também têm sido alvo frequente do crime organizado no México. Neste ano ao menos sete jornalistas foram assassinados. Em todo o ano de 2009, foram 12.
Ontem a Secretaria de Segurança Pública afirmou que Francisco Rodríguez, do jornal "El Sol de Acapulco", e sua mulher foram mortos perto de Acapulco por dois homens armados.

Com agências de notícias



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