São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2010

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Obama reverte política espacial de Bush

Texto dá margem para acordo sobre controle de armas ao invés de permitir a criação de sistemas antissatélites

Diplomatas dizem que EUA eram o principal entrave a um acordo internacional contra uma corrida às armas


DO "NEW YORK TIMES"

O governo Obama revelou anteontem uma nova política espacial que renuncia à postura unilateral adotada pelo governo Bush (2001-2009) e enfatiza a cooperação internacional, incluindo a opção por um tratado que limitaria o desenvolvimento de armas espaciais.
Nos últimos anos, China e EUA destruíram satélites em órbita, provocando temores quanto ao início de uma dispendiosa corrida armamentista que, em última análise, poderia prejudicar o segundo, que domina o uso militar do espaço.
Essa nova política espacial diz explicitamente que o país irá considerar "propostas e conceitos para medidas de controle de armas, caso sejam equitativas, efetivas, verificáveis e reforcem a segurança nacional dos EUA e de seus aliados".
Bush, na política espacial anunciada em 2006, afirmava "rejeitar limitações ao direito fundamental dos EUA de operar e obter dados no espaço", frase interpretada como autorização ao desenvolvimento e uso de armas para destruição de satélites.
Secretamente, Bush incentivou pesquisas que, para os críticos, poderiam resultar num poderoso laser que, instalado em terra, destruiria satélites inimigos em órbita. Em contraste, Obama sublinha a cooperação e diz, já nas primeiras linhas, ser "do interesse de todos os países agir responsavelmente no espaço, a fim de ajudar a impedir deslizes, interpretações incorretas e desconfiança".

RESPONSABILIDADE
Por muitos anos, diplomatas de todo o mundo se reuniram em Genebra para debater um tratado de "prevenção a uma corrida armamentista no espaço", que proibiria armas espaciais. Os partidários do controle afirmam que China e Rússia apoiam o processo, mas que eram os EUA, sob Bush, que impunham entraves.
Mas, embora a nova política apele por "liderança no reforço da segurança, estabilidade e comportamento responsável", ela também estabelece que acordos sobre armas sejam equitativos, verificáveis e favoráveis aos interesses de EUA e aliados. Mais detalhes, diz a Casa Branca, serão estabelecidos pelo Departamento de Estado nas próximas semanas.
O presidente Obama disse, em nota, que a nova política "foi concebida para reforçar a liderança americana no espaço e fomentar recompensas incalculáveis na Terra". Quanto ao uso civil do espaço, a política volta a enfatizar o setor comercial de exploração espacial, o que reflete o desejo do governo de eliminar as funções de lançamento da Nasa (agência espacial americana).
O primeiro dos objetivos mencionados pelo governo é "energizar as indústrias nacionais". Isso contrasta com o primeiro objetivo da política de Bush em 2006, "reforçar a liderança no espaço", e do governo Clinton em 1996, "reforçar o conhecimento". Na política do presidente Barack Obama, a seção sobre o uso comercial do espaço possui cláusulas sobre a promoção do setor espacial comercial dos EUA em mercados estrangeiros.
Os críticos da abordagem de Bush afirmam que essas mesmas tecnologias podiam muitas vezes ser obtidas com outros países, e alegam que as limitações prejudicam as companhias aerospaciais americanas sem melhorar a segurança nacional.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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