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Obama reverte política espacial de Bush
Texto dá margem para acordo sobre controle de armas ao invés de permitir a criação de sistemas antissatélites
Diplomatas dizem que EUA eram o principal entrave a um acordo internacional contra uma corrida às armas
DO "NEW YORK TIMES"
O governo Obama revelou
anteontem uma nova política espacial que renuncia à
postura unilateral adotada
pelo governo Bush (2001-2009) e enfatiza a cooperação internacional, incluindo
a opção por um tratado que
limitaria o desenvolvimento
de armas espaciais.
Nos últimos anos, China e
EUA destruíram satélites em
órbita, provocando temores
quanto ao início de uma dispendiosa corrida armamentista que, em última análise,
poderia prejudicar o segundo, que domina o uso militar
do espaço.
Essa nova política espacial
diz explicitamente que o país
irá considerar "propostas e
conceitos para medidas de
controle de armas, caso sejam equitativas, efetivas, verificáveis e reforcem a segurança nacional dos EUA e de
seus aliados".
Bush, na política espacial
anunciada em 2006, afirmava "rejeitar limitações ao direito fundamental dos EUA
de operar e obter dados no
espaço", frase interpretada
como autorização ao desenvolvimento e uso de armas
para destruição de satélites.
Secretamente, Bush incentivou pesquisas que, para
os críticos, poderiam resultar
num poderoso laser que, instalado em terra, destruiria satélites inimigos em órbita.
Em contraste, Obama sublinha a cooperação e diz, já
nas primeiras linhas, ser "do
interesse de todos os países
agir responsavelmente no espaço, a fim de ajudar a impedir deslizes, interpretações
incorretas e desconfiança".
RESPONSABILIDADE
Por muitos anos, diplomatas de todo o mundo se reuniram em Genebra para debater um tratado de "prevenção
a uma corrida armamentista
no espaço", que proibiria armas espaciais.
Os partidários do controle
afirmam que China e Rússia
apoiam o processo, mas que
eram os EUA, sob Bush, que
impunham entraves.
Mas, embora a nova política apele por "liderança no reforço da segurança, estabilidade e comportamento responsável", ela também estabelece que acordos sobre armas sejam equitativos, verificáveis e favoráveis aos interesses de EUA e aliados.
Mais detalhes, diz a Casa
Branca, serão estabelecidos
pelo Departamento de Estado nas próximas semanas.
O presidente Obama disse,
em nota, que a nova política
"foi concebida para reforçar
a liderança americana no espaço e fomentar recompensas incalculáveis na Terra".
Quanto ao uso civil do espaço, a política volta a enfatizar o setor comercial de exploração espacial, o que reflete o desejo do governo de
eliminar as funções de lançamento da Nasa (agência espacial americana).
O primeiro dos objetivos
mencionados pelo governo é
"energizar as indústrias nacionais". Isso contrasta com
o primeiro objetivo da política de Bush em 2006, "reforçar a liderança no espaço", e
do governo Clinton em 1996,
"reforçar o conhecimento".
Na política do presidente
Barack Obama, a seção sobre
o uso comercial do espaço
possui cláusulas sobre a promoção do setor espacial comercial dos EUA em mercados estrangeiros.
Os críticos da abordagem
de Bush afirmam que essas
mesmas tecnologias podiam
muitas vezes ser obtidas com
outros países, e alegam que
as limitações prejudicam as
companhias aerospaciais
americanas sem melhorar a
segurança nacional.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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