São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2011

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Saúde de Chávez leva a cancelamento de cúpula regional

Adiamento alimenta especulações sobre estado do líder venezuelano, que se recupera em Cuba de cirurgia

Encontro seria também para marcar os 200 anos da independência da Venezuela; retorno de presidente é incerto

Juan Barreto/France Presse
Homem lê jornal que mostra foto de Hugo Chávez com o ex-ditador cubano Fidel Castro

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

LUCAS FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A ASSUNÇÃO

ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO

O governo da Venezuela cancelou ontem a cúpula dos países da América Latina e do Caribe marcada para a próxima terça-feira, em comemoração ao bicentenário do país, dando como razão o estado de saúde do presidente Hugo Chávez.
O comunicado de que Chávez está em "tratamento sumamente [altamente] estrito" em Cuba, feito na TV estatal venezuelana, dá fôlego aos rumores sobre o quadro clínico dele.
Chávez se recupera de uma cirurgia feita no último dia 10. A versão oficial é que ele operou um abcesso (acúmulo de pus resultante de uma infecção) na região da pélvis. A imprensa local especula que teria câncer.
Momentos antes, ministros e apoiadores do governo haviam comemorado a exibição de um vídeo pela TV estatal em que Chávez conversa com seu mentor e maior aliado político, o ex-ditador cubano Fidel Castro.
Bastante mais magro, o presidente venezuelano aparece de pé e caminhando.
As imagens provariam, segundo o vice-presidente Elias Jaua, os anúncios do governo de que o presidente está "em franca recuperação".

DÚVIDAS
Além da Calc (Cúpula da América Latina e do Caribe), que oficialmente foi adiada para o segundo semestre, o principal evento do bicentenário da Venezuela é uma parada militar, também terça.
Uma dúvida agora é se Chávez conseguirá participar deste evento, de simbolismo único para ele, que se diz herdeiro do herói da independência, Simón Bolívar.
A embaixada da Venezuela em Brasília afirmou que não há alteração prevista para as comemorações. No entanto, a presença de Chávez não está confirmada.
O Planalto está aguardando uma confirmação oficial de que as comemorações vão, de fato, ocorrer para designar quem representará a presidente Dilma na cerimônia.
Também não se sabe que dia Chávez retornará de Cuba, de onde vem governando à distância.
No último dia 22, o irmão do presidente, Adán Chávez, disse que ele deveria voltar "em 10 ou 12 dias" _ou seja, até a próxima segunda-feira.
Oficialmente, o Itamaraty não demonstra preocupação com a saúde de Chávez.
O chanceler Antônio Patriota, contudo, telefonou para o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Sanchez, na última segunda-feira, para obter informações sobre a saúde dele e desejar rápida recuperação.
O adiamento foi um dos temas da cúpula do Mercosul, em Assunção.
"[O cancelamento] foi recomendação médica. Nicolas Maduro [chanceler da Venezuela] teve a delicadeza de me ligar e avisar", disse Patriota.
Ontem, antes de o governo brasileiro ser avisado do cancelamento, Marco Aurélio Garcia, assessor de política externa da Presidência, havia dito que Chávez voltaria ao seu país na próxima semana.
"A informação que recebemos da Venezuela é que está tudo mantido", disse.


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