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PESQUISA
Economistas norte-americanos concluem que os salários podem ser, na média, entre 10% e 50% maiores
Homens casados
ganham mais que
solteiros, diz estudo
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Casar ou comprar uma moto?
Para dois pesquisadores americanos, uma coisa não exclui a outra
-e talvez a melhor maneira de
juntar dinheiro para comprar a
segunda seja arrumar uma patroa
para levar na garupa.
Robert Town, da Universidade
de Minnesota, e Kate Antonovics,
da Universidade da Califórnia,
em San Diego, afirmam que homens casados ganham em média
entre 10% e 50% mais que os solteiros, segundo vários estudos
realizados nas últimas décadas.
No trabalho que os dois economistas terminaram em maio último, "Os homens bons estão todos
casados?", o índice foi de 27% de
diferença salarial entre os que resolveram encarar o matrimônio e
os que continuaram jogando no
time dos solteiros na pelada de
fim de semana.
Mas eles foram além. No lugar
da velha pergunta do comercial
de biscoitos (vendem mais porque são fresquinhos ou são fresquinhos porque vendem mais?),
Town e Antonovics procuraram
descobrir se os homens que ganham mais têm mais facilidade
para casar ou, ao contrário, é o
próprio casamento que, por alguma razão misteriosa, aumenta a
conta bancária.
Ou, numa terceira alternativa,
os sujeitos que conseguem mulheres e altos salários poderiam
ter uma outra razão qualquer para serem mais bem-sucedidos nas
duas empreitadas.
Para fazê-lo, pesquisaram a vida
de 31 duplas de gêmeos homens
univitelinos em que um dos irmãos era casado e o outro não. O
número saiu de um banco de dados com informações sobre 1.673
gêmeos nascidos entre 1936 e 1955
no Estado de Minnesota que
preencheram uma ficha com informações pessoais.
Após uma série de exclusões,
que buscaram eliminar fatores
que pudessem influir no desempenho dos irmãos -como graus
de formação escolar diferentes-,
chegaram ao grupo final.
A idéia é que, se houvesse uma
diferença salarial entre casados e
não casados para pessoas geneticamente idênticas e com acesso às
mesmas oportunidades, teriam
um forte indicador de que a diferença se devia ao estado civil das
"cobaias", e não a outros fatores,
como beleza física ou maior "produtividade".
"Quando avaliamos a relação
entre casamento e salários, há vários fatores que não podemos observar. Quão belos eles são, quão
inteligentes ou produtivos -fatores que podem influenciar no
resultado. Gêmeos univitelinos
são iguais nesses fatores, por definição", explica Town.
Os pesquisadores confirmaram
a tese, mas não pesquisaram as
causas do fenômeno. Num "bom
palpite", arriscaram que os casados são "mais agressivos" no
mercado de trabalho e mais preocupados com seus empregos por
terem responsabilidades com as
mulheres e os filhos.
Os dois economistas também
procuraram derrubar um argumento levantado por outros pesquisadores antes deles -o de que
os casados ganhariam mais por
uma espécie de "divisão social do
trabalho" dentro da família.
Capaz de deixar muita feminista
de cabelo em pé, a idéia era que
esses homens poderiam ganhar
mais porque não teriam de dividir
sua atenção entre o trabalho e os
afazeres domésticos -deixados a
cargo das mulheres. O estudo
mostra que maridos de mulheres
que trabalham ganham tanto
quanto aqueles de donas de casa.
Esse último argumento deve aumentar as chances de Town, que
tem 42 anos de idade, de arrumar
uma companheira. "Sou solteiro", disse. "Estou mesmo precisando de um aumento."
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