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Por embaixador, Casa Branca recua em etanol brasileiro
Governo Obama solta comunicado em que defende a tarifa sobre o biocombustível e diz que não mudará sua política
Senador da oposição havia ameaçado obstruir a confirmação do nome do diplomata Thomas Shannon para seu posto no Brasil
DE WASHINGTON
Pressionada por um senador
republicano da bancada agrícola, que ameaçava atrasar a confirmação do novo embaixador
dos EUA para o Brasil, a Casa
Branca recuou de sua posição
de questionamento em relação
à tarifa que o país impõe atualmente ao etanol brasileiro, de
US$ 0,54 por galão (cerca de R$
0,27 por litro).
Em comunicado, o setor de
imprensa do governo de Barack
Obama diz que a administração
atual não tem planos de mudar
a política em relação ao setor. É
que, durante sua audiência de
confirmação no Senado, em 8
de julho, Thomas Shannon,
atual número 1 do Departamento de Estado para a América Latina e indicado para a Embaixada no Brasil, havia dito
que o fim da tarifa seria "benéfico" para os dois países.
A declaração havia levantado
a ira de Charles Grassley, do Iowa, que defende os interesses
dos produtores de etanol de
milho norte-americanos, dependentes do subsídio do governo para sobreviver.
O senador republicano mandou carta ao governo democrata em que dizia que usaria um
recurso para obstruir a confirmação de Shannon enquanto
não ficasse clara qual era a posição da Casa Branca em relação
ao assunto.
O governo piscou primeiro.
"O governo Obama está comprometido a desenvolver a indústria doméstica de biocombustíveis e a ajudar o mercado
internacional de biocombustíveis", diz o texto, divulgado anteontem sem alarde.
"Biocombustíveis são uma
importante fonte de energia renovável, que vão ajudar a diversificar nossa matriz energética
e reduzir nossa dependência do
petróleo importado", continua
o texto. "Quanto à tarifa dos
EUA sobre o etanol brasileiro, o
governo não tem planos de mudá-la."
Até a conclusão desta edição,
o senador Grassley ainda não
tinha se manifestado sobre a
resposta do governo. Com o
texto de ontem, no entanto, o
mais provável é que ele retire a
ameaça de obstrução, e o nome
de Shannon seja aprovado antes do recesso do Congresso,
previsto para 7 de agosto.
Críticas
Fora da bancada agrícola, a
sobretaxa é criticada quase
unanimemente, por perpetuar
um setor que produz etanol
considerado de mais baixa qualidade e eficácia que o brasileiro
e incapaz de ampliar o mercado
para nos EUA. Mas Grassley é
peça-chave no jogo político para aprovação da reforma de
saúde de Obama.
"É triste ver um senador ir a
extremos para defender um
protecionismo que não faz sentido", disse à Folha Joel Velasco, representante-chefe nos
EUA da Unica, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar. "O
embaixador Shannon tem uma
enorme carreira diplomática e
ganhou o direito de expressar
sua opinião pessoal sobre política americana."
(SD)
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