São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

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Acuado, Obama faz tuitaço antioposição

Em dia de baixo crescimento do PIB e recorde de desaprovação, presidente promove ofensiva por novo teto da dívida

Câmara, dominada por republicanos, aprova corte de gastos; projeto, porém, é recusado pelo Senado, governista

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

O embate sobre a dívida dos EUA tomou ares de campanha ontem, com o presidente Barack Obama ecoando o candidato de 2008 e exortando o eleitor a "ligar, escrever e tuitar" para pressionar congressistas pelo fim do impasse.
A transmutação -que incluiu divulgar, por seu Twitter de campanha, o endereço eletrônico de todos os congressistas republicanos no site- ocorreu no dia em que o democrata registrou seu pior índice de aprovação no rastreamento do Gallup: 40%.
Ocorreu também no momento em que a oposição conciliou um cisma interno e passou na Câmara um plano de corte no Orçamento que elevaria o teto da dívida em US$ 1,6 trilhão até fevereiro, evitando o calote por ora.
Mas o projeto do líder republicano na Casa, John Boehner, chegou natimorto ao Senado, que, dominado por democratas, votou contra o plano e lançou sua própria iniciativa -a qual, por sua vez, a Câmara rejeita. Obama também prometera vetar a proposta de Boehner, que, diz, só adiava o dilema.
"Esse plano nos forçará a reviver essa crise em poucos meses, mantendo nossa economia cativa da politicagem de Washington outra vez", declarara o presidente mais cedo, em seu sexto pronunciamento no mês, entre entrevistas e discursos. "A solução para evitar o calote tem de ser bipartidária."
Na terça, o governo deixa de poder tomar empréstimos, e, sem acordo para elevar o teto de endividamento, terá um rombo de US$ 135 bilhões no mês, estima-se.
O Departamento do Tesouro não esclareceu em quem seria o calote -em investidores externos com títulos do Tesouro ou em pensionistas, servidores e outros-, enervando o mercado.
As consequências já pesam na campanha de 2012.
"A aprovação do Obama e sua sua chance de reeleição estão em queda diretamente por causa desse problema", disse à Folha Frank Newport, editor-chefe do Gallup, acrescentando que o prejuízo não se limita ao presidente.
"Quando ligamos [durante as pesquisas], perguntamos sobre Obama, mas poderia ser sobre qualquer coisas, e as pessoas diriam 'ruim'."
Coincidência ou não, o presidente reativou sua base de campanha nas redes sociais, tida como corresponsável por seu triunfo em 2008.
Ontem, o twitter @BarackObama, mantido pela campanha de 2012, passou a tarde listando contatos de republicanos que os eleitores deveriam pressionar a ceder.
A primeira mensagem foi enviada pelo próprio presidente, que assina como "BO": "A hora de pôr o partido em primeiro plano acabou.
Se você quer ver um acordo (#compromise) bipartidário, diga ao Congresso. Ligue. Mande e-mail. Tuíte".


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