São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

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Na mira de agência de risco, Espanha antecipa eleições

Premiê socialista Zapatero anuncia para 20 de novembro votação, antes prevista para março do ano que vem

Moody's rebaixa a nota de crédito de seis governos regionais e diz que pode revisar nota soberana espanhola

LUISA BELCHIOR
EM MADRI

Cedendo às pressões da oposição, do mercado e da opinião pública, o premiê espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou ontem a antecipação das eleições gerais de março de 2012 para 20 de novembro deste ano.
Pesquisas de intenção de voto apontam vitória da oposição conservadora.
O anúncio, que surpreendeu toda a Espanha, veio no mesmo dia em que a agência de classificação Moody's rebaixou a nota de risco de seis regiões espanholas e colocou a do país como um todo em suspensão.
O mercado recebeu bem a convocação das eleições antecipadas, mas não tragou a notícia da revisão da nota de risco espanhola -que ficará suspensa por três meses, quando a agência anuncia se rebaixa ou não a qualificação.
O resultado foram leves quedas nas Bolsas da Espanha e vizinhos europeus. E aumento dos juros dos títulos espanhóis de dez anos, uma referência do mercado. A Bolsa de Madri fechou em queda de 0,27%.
Desde a derrota do Partido Socialista, de Zapatero, nas eleições regionais de maio, se especulava a antecipação. No entanto, o atual premiê dava garantias contínuas -a última delas no início desta semana- de que ficaria no posto até o final de sua legislatura, em março de 2012.
Ontem, ele argumentou que decidiu adiantar as eleições para dar "segurança econômica e política ao país".
"Foi uma boa notícia porque diminui a incerteza econômica. Este governo já acabou", disse à Folha o economista Fernando Fernández, do Instituto de Empresa de Madri.
Outro alento para o país foi a queda na taxa de desemprego no primeiro semestre, divulgada ontem, mas que continua na casa dos 20%, o dobro da média europeia (9%).
Antes de entregar o cargo, Zapatero quer aprovar um decreto-lei que disse ser imprescindível para evitar a quebra do país. Especula-se que será um novo pacote fiscal.
"Se houver mais ajuste vamos fortalecer os protestos", avisou Renato Gutiérrez, um dos porta-vozes do movimento "Indignados", de jovens que protestam contra o desemprego há dois meses.
O mote para a suspensão da nota espanhola pela Moody's é o endividamento das comunidades autônomas (Estados), um dos gargalos econômicos da Espanha.
A nova data escolhida por Zapatero para as eleições causou polêmica por ser o dia da morte do ex-ditador espanhol Francisco Franco.
"Para mim, é uma data como outra qualquer", disse Zapatero, que anunciou deixar a vida política.
O conservador Mariano Rajoy, favorito nas eleições, afirmou também achar o dia "pouco importante".


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