São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PÓS-GUERRA
Milosevic não foi convidado
Cúpula debate reconstrução dos Bálcãs

das agências internacionais

A cúpula que reúne hoje em Sarajevo, capital da Bósnia, líderes de 40 países para discutir um plano de estabilidade para os Bálcãs deve se tornar uma cerimônia em que o destaque não são os convidados, mas o ausente: o ditador iugoslavo, Slobodan Milosevic.
EUA e União Européia querem aproveitar o encontro para reforçar o isolamento de Milosevic, que não foi convidado. Reafirmaram ontem que a Iugoslávia será excluída do plano para promover a paz e desenvolvimento econômico nos Bálcãs enquanto o ditador permanecer no poder.
"Penso que um dos elementos mais importantes será a cadeira vazia, simbolicamente", afirmou o conselheiro dos EUA para segurança nacional, Sandy Berger.
Segundo ele, o presidente norte-americano, Bill Clinton, pode anunciar novas iniciativas para encorajar o investimento e o comércio na região, mas não deve especificar cifras ou metas para os Bálcãs.
O Pacto para a Estabilidade no Sudeste Europeu, conhecido como "Plano Marshall para os Bálcãs", que será lançado hoje, prevê a criação de condições para uma paz duradoura na região por meio de "democratização, respeito aos direitos humanos e recuperação econômica".
Com o Plano Marshall original, os EUA ajudaram a reconstruir a Europa Ocidental depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
A reunião não discutirá ajuda econômica imediata para reconstruir a Província de Kosovo -destruída durante os 78 dias de ataques da Otan, aliança liderada pelos EUA- ou para outros países balcânicos.
Anteontem, em Bruxelas, líderes dos EUA e União Européia prometeram liberar US$ 2,1 bilhões como ajuda emergencial para a Província. Cálculos anteriores estimavam a ajuda total necessária para reconstruir a região em US$ 25 billhões.
A União Européia também prometeu US$ 403 milhões para a Romênia, Bulgária e Macedônia.
A cúpula reforçará a intenção de estimular a oposição ao regime de Milosevic.
Foi convidado para a reunião o ex-presidente do Banco Central iugoslavo Dragoslav Avramovic, tido como provável líder de uma era pós-Milosevic.
"Será importante que a cúpula demonstre o isolamento da Iugoslávia sob o governo de Milosevic, ao mesmo tempo em que acena com a perspectiva de rápida reintegração uma vez que ele se vá", afirmou Clinton.
Embora Milosevic continue no poder, os países da Otan concordam em fornecer ajuda humanitária aos iugoslavos, para ""aplacar o sofrimento da população civil".
Para Belgrado, a cúpula "reunirá todos os que contribuíram com a agressão da Otan contra a Iugoslávia", afirmou na quinta Ivica Dacic, porta-voz do Partido Socialista da Sérvia, ao qual pertence Milosevic. "É de fato uma reunião da Otan", afirmou.


Texto Anterior: Cerco: China pede prisão de líder de seita banida
Próximo Texto: Americano morre em Kosovo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.