São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bush é pressionado a pedir apoio ao Congresso

NEIL A. LEWIS
DAVID E. SANGER
DO "THE NEW YORK TIMES"

Altos funcionários do governo dos EUA disseram anteontem esperar que o presidente George W. Bush tente conseguir algum tipo de sinal explícito de aprovação do Congresso -mas não necessariamente uma votação formal- antes de iniciar uma eventual campanha militar contra o Iraque.
Ao mesmo tempo, funcionários do governo em Washington e em Crawford, Texas, onde Bush passa seus últimos dias de férias, estão envolvidos em um debate sobre a possibilidade de tentar pela última vez envolver a ONU no assunto como uma estratégia para fortalecer sua posição diante do Congresso contra o ditador do Iraque, Saddam Hussein.
Nas palavras de um alto assessor, Bush precisa decidir "se vai sozinho ou se vai à ONU" em uma tentativa final, mesmo que em grande parte simbólica, de fazer com que Saddam readmita os inspetores de armas que deixaram o Iraque há três anos e meio.
Apesar de Bush não ter expressado uma opinião sobre esse assunto, um porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse anteontem em Crawford que o objetivo dos EUA é o desarmamento, mas acrescentou: "Nós sabemos que não podemos verificar [se há" o desarmamento".
Os funcionários disseram que um consenso havia sido atingido entre os assessores de Bush sobre como proceder em relação ao Congresso, mas um alto funcionário afirmou anteontem à noite que Bush não havia analisado nenhuma recomendação final e que membros do gabinete não haviam discutido o assunto. "Ainda não chegamos lá", disse.
Apesar de afirmações da Casa Branca nesta semana de que Bush já tem toda a autoridade legal e a aprovação do Congresso das quais precisaria para uma invasão, funcionários do governo disseram que há, de fato, um reconhecimento de que não seria sábio iniciar um ataque sem alguma nova expressão de apoio por parte do Congresso.
Um funcionário do governo sugeriu que as declarações indicando que a aprovação do Congresso seria desnecessária eram uma forma de preparar o terreno para conversas com legisladores. Ele acrescentou que as declarações podem tornar o Congresso mais aberto em relação à redação de uma declaração apoiando uma ofensiva militar.
Seria algo como "a rodada de abertura em uma negociação", afirmou o funcionário, que pediu para não ser identificado.
O novo reconhecimento da necessidade do apoio do Congresso ocorre enquanto muitos congressistas criticam o governo por afirmar que a resolução de 1991 autorizando a Guerra do Golfo, entre outras, fornece uma justificativa legal para uma nova invasão. Outro funcionário do governo disse que, mesmo que esse argumento seja válido do ponto de vista estritamente legal, "é muito difícil dizer isso impunemente do ponto de vista político".


Texto Anterior: Ataque virá até 30 de novembro, diz jornal israelense
Próximo Texto: WTC era alvo da Al Qaeda desde 2000
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.