|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Exército dos EUA pede desculpas e liberta iranianos
Militares americanos haviam detido anteontem delegação do Irã que estava em Bagdá a convite do governo do Iraque
Para comando americano, episódio foi "lamentável"; para governo do Irã, foi "ingerência" nos assuntos internos iraquianos
DA REDAÇÃO
O grupo de oito iranianos detido anteontem por tropas
americanas em Bagdá foi libertado ontem. Eles haviam sido
presos por supostamente terem armas ilegais. Os iranianos
são membros do Ministério da
Energia do Irã e foram convidados a viajar a Bagdá para ajudar
na crise de energia iraquiana.
Os veículos que levavam o
grupo foram parados e revistados por tropas americanas em
um posto de controle. Os militares afirmaram que a delegação podia seguir para o hotel
Sheraton, onde estavam hospedados. Mais tarde, tropas dos
EUA entraram no hotel e levaram os iranianos e seus pertences. Segundo o Sheraton, era a
primeira vez que iranianos ficavam no hotel desde a invasão
americana, em 2003.
Mohamed Abed, gerente do
hotel, disse que os militares
americanos lhe perguntaram
sobre a delegação iraniana
-quantos eram, seus quartos e
se ele tinha a cópia das chaves.
"Eu disse que eles eram convidados do ministério e que tínhamos uma carta do ministério confirmando." Os americanos foram então ao restaurante, onde o grupo jantava, e vasculharam seus quartos. "Eles
reuniram os pertences dos iranianos, colocaram vendas em
seus olhos e os levaram para fora do hotel", disse Abdel. Os iraquianos que acompanhavam o
grupo também foram detidos.
A Embaixada do Irã confirmou a prisão e a libertação do
grupo. "Eles estão em Bagdá
para discutir a situação energética no Iraque com autoridades
iraquianas", disse um porta-voz da embaixada iraniana. "O
governo iraquiano interveio,
eles foram soltos e agora estão
no gabinete do premiê iraquiano, Nuri al Maliki."
Yasin Majid, assessor de imprensa de Al Maliki, afirmou
que o grupo foi convidado pelo
Ministério da Eletricidade iraquiano para auxiliar na construção de uma usina elétrica na
cidade xiita de Najaf.
"Lamentável"
Saadi Othman, assessor do
comandante das forças dos
EUA no Iraque, general David
Petraeus, qualificou o incidente como "lamentável" e disse
que não tinha "nada a ver com
as declarações de Bush na terça-feira, quando criticou o Irã
por interferir no Iraque e fomentar a instabilidade".
Na terça-feira, o presidente
dos EUA fez um discurso duro
contra o Irã. "Autorizei nossos
comandantes militares no Iraque a confrontar as ações assassinas de Teerã", disse Bush.
O Exército dos EUA declarou
que o grupo foi detido após as
tropas confiscarem um rifle e
duas pistolas dos guardas da
delegação, "que tinham documentos, mas não permissão para portar as armas". O Exército
disse ainda que membros do
grupo, entre eles dois diplomatas, foram interrogados e libertados, "em consulta com o governo do Iraque".
Ontem, Teerã convocou um
diplomata suíço que representa
os EUA no Irã. Mohammad Ali
Hosseini, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores
iraniano, classificou o episódio
como uma "interferência" nos
assuntos internos iraquianos e
"incoerente" com as responsabilidades da força de ocupação
liderada pelos EUA.
As detenções aumentam a
tensão entre Teerã e Washington, que acusa o Irã de armar
milícias xiitas no Iraque. O Irã
nega as acusações e tem protestado contra a prisão de cinco
iranianos no Iraque em janeiro,
que os EUA afirmam pertencer
à Guarda Revolucionária iraniana -que, segundo os americanos, arma e treina insurgentes iraquianos. Teerã diz que os
cinco são diplomatas.
Com "New York Times" e agências internacionais
Texto Anterior: Pesquisa: Europeus querem Hillary na Casa Branca Próximo Texto: Milícia xiita suspende ações por seis meses Índice
|