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Empresários
dividem-se
sobre solução
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para além da péssima
repercussão no exterior, o
governo Roberto Micheletti calculou mal o custo
interno de baixar estado
de sítio por 45 dias em
Honduras -o qual prometeu revogar anteontem.
Acabou vendo ganhar fôlego entre seus apoiadores
no Congresso e no setor
privado chamados mais
intensos por uma solução
negociada para a crise.
O grande temor é que a
atual situação enterre de
vez a possibilidade de que
as eleições gerais marcadas para novembro venham a ser reconhecidas
internacionalmente. A hipótese é o que mais preocupa os empresários ouvidos pela Folha.
"Após três meses de crise, nenhuma proposta pode ser rejeitada. Estou otimista", afirma Oscar Galeano, da diretoria da Cohep (Conselho Hondurenho de Empresas Privadas), a principal associação do setor produtivo.
Galeano, agora, não rejeita uma solução na qual
Manuel Zelaya volte ao
poder. Vê ainda em Micheletti uma posição menos intransigente. Diz que
os empresários pressionam-o pelo fim do estado
de sítio, argumentando
que ele prejudicará até
turnos das fábricas.
Galeano acredita que já
há um canal de contato direto entre Zelaya e Micheletti, por meio do bispo católico Juan José Pineda,
que esteve na embaixada
brasileira no sábado.
Embaixador dos EUA
Uma proposta que inclui o retorno do deposto
também foi sugerida ontem por Adolfo Facussé,
presidente da Andi (Associação Nacional de Industriais) -embora a ideia tenha itens de difícil aceitação, como o oferecimento
de uma vaga vitalícia de
deputado a Micheletti.
Em comum entre os
dois movimentos está o fato de que tanto o presidente da Cohep, Amílcar Bulnes, como Facussé, da Andi, reuniram-se com o embaixador dos EUA em Tegucigalpa, Hugo Llorens.
Llorens, um dos únicos
altos representantes diplomáticos a permanecer
no país, convidou à sua casa um pequeno grupo de
empresários no domingo.
Entre eles estavam Antonio Tavel, empresário de
telefonia móvel -setor
dominado por capital
americano- e Facussé.
Agora defensor de uma
saída negociada, Facussé
diz que foi impedido de
entrar nos EUA no mês
passado, justamente por
ter sido considerado por
Washington um dos articuladores do golpe.
Estavam também com
Llorens os quatro principais candidatos a Presidente -como os empresários, grupo interessado diretamente no reconhecimento das eleições.
Ontem foi a vez de mais
empresários e Amílcar
Bulnes almoçarem com o
embaixador americano.
A articulação, porém,
não tem a simpatia de todos. Santiago Ruiz, presidente da Federação de
Agricultura e Pecuária de
Honduras, reclama das
pressões de Llorens sobre
os empresários por uma
solução que envolva a volta de Zelaya ao cargo, mesmo "hipercondicionada".
"Com Zelaya esse país
vai se tornar ingovernável.
É preciso entender." Ruiz
é integrante do Cohep e
porta-voz de um setor que
responde por 35% do PIB.
Ele propõe o afastamento
de Micheletti e que uma
terceira pessoa seja indicada para a Presidência.
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