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Irã se nega a negociar sobre usinas nucleares
Fala indica impasse às vésperas de encontro sobre programa atômico
Porta-voz da Casa Branca diz que EUA insistirão em falar sobre nova planta nuclear; Washington deverá pedir mais sanções contra Teerã
DA REDAÇÃO
O Irã disse ontem que não
negociará seu "direito soberano" a um programa nuclear, às
vésperas de sua reunião com o
P5+1 (grupo que reúne França,
EUA, Reino Unido, China, Rússia e Alemanha), amanhã.
"Se temos direito a enriquecer urânio e produzir combustível, o faremos. Não vamos
barganhar nosso direito soberano", disse Ali Akbar Salehi,
vice-presidente e chefe da Organização de Energia Atômica
do Irã. Ele agregou que o país
está disposto a falar sobre "não
proliferação e desarmamento",
mas não sobre sua usina nuclear recém-revelada ao mundo -indicativo de que haverá
dificuldade em sair do impasse
na reunião de amanhã, em Genebra, convocada justamente
para esclarecimentos sobre a
atividade nuclear iraniana.
Robert Gibbs, porta-voz da
Casa Branca, respondeu: "Eles
[Irã] talvez não falem [da usina], mas nós falaremos".
Na última sexta, EUA, França e Reino Unido acusaram o
Irã de construir secretamente
uma segunda usina de enriquecimento de urânio, que seria
capaz -segundo a inteligência
americana- de produzir uma
bomba atômica por ano.
A revelação trouxe pressão
extra para que Teerã exponha
sua atividade nuclear, que o
Ocidente diz ter fins militares.
O Irã nega, dizendo que o programa visa a geração de energia
-o que é permitido sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação
com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
Teerã escalou as tensões no
final de semana, ao realizar testes com mísseis de curto, médio
e longo alcance -um deles capaz de atingir Israel.
Autoridades americanas disseram que os EUA devem pressionar o P5+1 (que engloba os
países-membros permanentes
do Conselho de Segurança da
ONU mais a Alemanha) por novas sanções, em áreas como
energia, telecomunicações e setor financeiro, caso o Irã não
cumpra com a demanda por
mais transparência. Já a Rússia
-que, como a China, é mais relutante a novas punições a Teerã- declarou ontem que ainda
há "base para amplo diálogo".
Gestos conciliatórios
Em sua fala de ontem, o vice-presidente iraniano também
explicou que a usina de Qom foi
construída sob uma montanha
para protegê-la de eventuais
ataques aéreos. Ele deu detalhes sobre a localização da usina e reiterou que seu país agendará uma inspeção da AIEA ao
local, mas que isso poderia
ocorrer até "daqui a um mês"
-os EUA haviam pedido "acesso imediato" da AIEA.
Ainda assim, os comentários
são vistos como tentativa de
aliviar a pressão sobre o Irã e a
ameaça de novas sanções. Ontem, um porta-voz da Presidência disse que a reunião de
amanhã pode abrir "uma nova
janela de entendimento".
Ainda ontem, o Irã deu à Suíça (que representa os EUA em
Teerã) acesso aos três americanos presos desde julho, acusados de entrar ilegalmente em
território iraniano.
Com agências internacionais
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