São Paulo, quarta-feira, 30 de setembro de 2009

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Irã se nega a negociar sobre usinas nucleares

Fala indica impasse às vésperas de encontro sobre programa atômico

Porta-voz da Casa Branca diz que EUA insistirão em falar sobre nova planta nuclear; Washington deverá pedir mais sanções contra Teerã


DA REDAÇÃO

O Irã disse ontem que não negociará seu "direito soberano" a um programa nuclear, às vésperas de sua reunião com o P5+1 (grupo que reúne França, EUA, Reino Unido, China, Rússia e Alemanha), amanhã.
"Se temos direito a enriquecer urânio e produzir combustível, o faremos. Não vamos barganhar nosso direito soberano", disse Ali Akbar Salehi, vice-presidente e chefe da Organização de Energia Atômica do Irã. Ele agregou que o país está disposto a falar sobre "não proliferação e desarmamento", mas não sobre sua usina nuclear recém-revelada ao mundo -indicativo de que haverá dificuldade em sair do impasse na reunião de amanhã, em Genebra, convocada justamente para esclarecimentos sobre a atividade nuclear iraniana.
Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, respondeu: "Eles [Irã] talvez não falem [da usina], mas nós falaremos".
Na última sexta, EUA, França e Reino Unido acusaram o Irã de construir secretamente uma segunda usina de enriquecimento de urânio, que seria capaz -segundo a inteligência americana- de produzir uma bomba atômica por ano.
A revelação trouxe pressão extra para que Teerã exponha sua atividade nuclear, que o Ocidente diz ter fins militares. O Irã nega, dizendo que o programa visa a geração de energia -o que é permitido sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear, desde que em cooperação com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
Teerã escalou as tensões no final de semana, ao realizar testes com mísseis de curto, médio e longo alcance -um deles capaz de atingir Israel.
Autoridades americanas disseram que os EUA devem pressionar o P5+1 (que engloba os países-membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) por novas sanções, em áreas como energia, telecomunicações e setor financeiro, caso o Irã não cumpra com a demanda por mais transparência. Já a Rússia -que, como a China, é mais relutante a novas punições a Teerã- declarou ontem que ainda há "base para amplo diálogo".

Gestos conciliatórios
Em sua fala de ontem, o vice-presidente iraniano também explicou que a usina de Qom foi construída sob uma montanha para protegê-la de eventuais ataques aéreos. Ele deu detalhes sobre a localização da usina e reiterou que seu país agendará uma inspeção da AIEA ao local, mas que isso poderia ocorrer até "daqui a um mês" -os EUA haviam pedido "acesso imediato" da AIEA.
Ainda assim, os comentários são vistos como tentativa de aliviar a pressão sobre o Irã e a ameaça de novas sanções. Ontem, um porta-voz da Presidência disse que a reunião de amanhã pode abrir "uma nova janela de entendimento".
Ainda ontem, o Irã deu à Suíça (que representa os EUA em Teerã) acesso aos três americanos presos desde julho, acusados de entrar ilegalmente em território iraniano.

Com agências internacionais



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