São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2010 |
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Tropa de choque chavista mira Judiciário
Deputados governistas falam em indicar juízes e dar superpoderes ao presidente, que sofreu derrotas domingo
FLÁVIA MARREIRO DE CARACAS Deputados governistas da Assembleia Nacional da Venezuela ameaçam outorgar "superpoderes legislativos" ao presidente Hugo Chávez. É a chamada "lei habilitante", que permite que o chefe do Executivo governe por decreto em uma série de temas e prazos a serem definidos pelos deputados. Outra medida que está na pauta é a eleição em plenário de juízes alinhados para o TSJ (Tribunal Supremo de Justiça), equivalente local ao Supremo Tribunal Federal. O tema foi mencionado pela deputada chavista reeleita Iris Varela, que não precisou números de vagas. Hoje, falta preencher 32 cargos de suplentes do tribunal e um número indeterminado de titulares da corte, já considerada pró-Chávez. Uma lei aprovada neste ano, apelidada de "aposentadoria maciça", abriu a possibilidade de que integrantes da corte eleitos para 12 anos de mandato deixem o cargo até três anos antes, com todos os benefícios. Em tese, por causa da aposentadoria precoce, vagas que teriam de ser preenchidas pela próxima Legislatura seriam escolhidas pela atual. Até 5 de janeiro, data da posse da nova Assembleia eleita no último domingo, a Casa continua com ampla maioria chavista. Pela Constituição, uma das tarefas do Legislativo é nomear juízes. No futuro Parlamento, o governo não terá maioria qualificada para eleger magistrados ou aprovar as leis orgânicas do país -destinadas a temas protegidos pela Constituição, como organização territorial- nem para outorgar ao presidente a "lei habilitante". "Preparem-se: as leis que necessitarmos vamos aprovar até o fim do período. Nós sabemos a confrontação na qual estamos", afirmou ontem Aristóbulo Isturiz, chefe de campanha do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela, a legenda de Chávez) e deputado eleito. Tanto Isturiz como Varela, da tropa de choque chavista, criticaram a oposição por dizer que aprovar projetos "socialistas" após as eleições de domingo é ilegítimo. "Se o presidente pede, aqui estaremos. Somos soldados dessa revolução", disse Varela. Para ontem, estava marcada uma reunião da bancada do PSUV na Assembleia para fechar a agenda dos meses restantes desta legislatura. O empresariado toma como certa a aprovação de leis como a da economia comunal, que cria empresas que terão vantagens em licitações e não pagarão impostos. "Vamos decidir as prioridades. Certamente o pacote comunal e a lei do trabalho estão entre as prioridades", disse à Folha o deputado Juan Carlos Aleman (PSUV). Próximo Texto: Oposição elege dois deputados que estão presos Índice | Comunicar Erros |
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