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RÚSSIA
Pesquisa revela apoio dos russos ao presidente; políticos também o elogiam, mas pedem investigação sobre a morte de 117 reféns
85% aprovam a ação de Putin em teatro
DA REDAÇÃO
A conduta do presidente Vladimir Putin diante da tomada de
um teatro em Moscou por terroristas tchetchenos aumentou sua
já alta popularidade entre os russos e recebeu ontem manifestações de apoio de políticos.
Segundo a primeira pesquisa
conduzida desde a tomada do teatro, na quarta-feira passada, 85%
dos russos apóiam as decisões do
presidente durante o sequestro,
que terminou no sábado com a
morte de pelo menos 117 dos cerca de 750 reféns e da maior parte
dos cerca de 50 sequestradores.
Só 10% dos ouvidos na sondagem, conduzida pela VTsIOM,
disseram ser críticos à conduta de
Putin. Antes da crise, sua popularidade já era de mais de 70%, reforçando seu favoritismo na eleição presidencial de 2004.
Políticos da União de Forças de
Direita (SPS) também elogiaram
a atuação do presidente, mas exigiram a abertura de uma investigação parlamentar sobre o cerco.
"Putin agiu de forma absolutamente correta ao se recusar a conversar com terroristas. Se tivesse
[conversado", teria sido uma demonstração de pura fraqueza e irresponsabilidade, teria significado o fim da Rússia", disse Boris
Nemtsov, da SPS.
A investigação, segundo a SPS,
tentaria responder à questão de
como tantos tchetchenos fortemente armados conseguiram se
movimentar livremente por Moscou e tomar um teatro lotado.
Os EUA, que também já elogiaram a atuação de Putin durante o
cerco ao teatro, voltaram a criticar
ontem o mistério em torno do gás
letal usado quando soldados de
elite entraram no local no sábado.
"Pelo que sabemos, foi um opiáceo", disse o embaixador americano na Rússia, Alexander Vershbow. "Lamentamos que a falta de
informação [sobre o gás] tenha
contribuído para a confusão depois que a operação para libertar
os reféns terminou. Com um pouco mais de informações, pelo menos alguns reféns a mais poderiam ter sobrevivido."
Acredita-se que 115 das 117
mortes de reféns tenham sido
provocadas pelo gás.
Autoridades russas recusaram-se a revelar qual gás foi usado, até
mesmo a médicos que trataram
os reféns, e não forneceram nenhum antídoto. Para alguns especialistas ocidentais a substância
usada foi o agente BZ, que atua no
sistema nervoso, e não opiáceos.
Opiáceos agem especificamente
sobre os receptores da dor, mas
um de seus efeitos colaterais é a
sonolência, e doses altas podem
causar falência respiratória, disse
um médico de Moscou à Reuters.
Outra crítica veio da organização Anistia Internacional, que
lançou ontem uma campanha de
combate às violações dos direitos
humanos na Rússia.
"Quando as pessoas ao redor do
mundo pensam sobre violações
de direitos humanos na Rússia,
elas pensam na [guerra na] Tchetchênia", disse Irene Khan, secretária-geral do grupo. "Mas o que é
muito menos conhecido é que o
mesmo clima de impunidade que
marca a situação na Tchetchênia
infelizmente permeia todo o sistema penal da Rússia."
A Anistia afirmou que a tomada
do teatro em Moscou "era um
lembrete horripilante da situação
não resolvida na Tchetchênia".
Apesar de condenar a tomada
de reféns, a organização pede que
Putin não use a "guerra ao terrorismo" para realizar ainda mais
violações de direitos humanos.
A guerra na Tchetchênia teve
um papel-chave na eleição de Putin, anteriormente um pouco conhecido chefe dos serviços de inteligência, há dois anos.
Sua promessa de aniquilar os
terroristas na região obteve apoio
maciço da população, que tenta
de tudo, de subornos a atestados
médicos falsificados, para livrar
seus filhos da convocação para lutar na Tchetchênia.
Mas, em um sinal de que a guerra na república separatista está
longe de terminar, separatistas
derrubaram ontem um helicóptero militar perto da capital tchetchena, Grozny, matando quatro
soldados russos.
A Rússia enviou ontem à Dinamarca uma lista com os nomes de
supostos terroristas que participavam do Congresso Mundial
Tchetcheno, concluído ontem em
Copenhague com a adoção de
uma proposta de acordo que põe
a segurança da população na frente da independência da república
e a condenação da tomada de reféns no teatro de Moscou.
"Se há terroristas, naturalmente
serão presos", disse ontem o ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Stig Moeller.
A Rússia pediu anteontem que a
Dinamarca cancelasse o congresso, que reuniu cerca de uma centena de líderes separatistas tchetchenos e defensores dos direitos
humanos russos e ocidentais por
dois dias, e prendesse os "terroristas" que participavam dele.
A Dinamarca manteve o evento,
dizendo que a liberdade de reunião e expressão eram direitos garantidos pela Constituição do
país, e pediu provas de que havia
terroristas entre os participantes.
Com agências internacionais
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