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IGREJA
Publicação de documentos de 1922 a 1939 não deverá encerrar polêmica sobre o papa Pio 12, diz comunidade judaica italiana
Vaticano decide abrir arquivos pré-Segunda Guerra
DA REUTERS
Numa tentativa de responder a
acusações de que o papa Pio 12 teria permanecido em silêncio enquanto sabia que o Holocausto
estava ocorrendo, o Vaticano afirmou ontem que abrirá arquivos
secretos do período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial
(1939-45).
Os arquivos -que incluem documentos de 1922 a 1939, quando
Eugenio Pacelli era núncio apostólico em Berlim antes de se tornar o papa Pio 12- começarão a
ser abertos ao público em janeiro,
disse o cardeal Jorge Mejia.
"É claro que os arquivos são de
grande interesse da mídia", afirmou ele, numa entrevista coletiva.
O Vaticano havia dito em fevereiro que liberaria parte dos documentos desse período.
Estudiosos e grupos judaicos de
todo o mundo há anos pedem ao
Vaticano que abra os arquivos relacionados a Pio 12 datados de antes e durante o seu pontificado,
encerrado com a sua morte, em
1958.
Alguns o acusam de ter feito
muito pouco para impedir o Holocausto, no qual a Alemanha nazista cometeu um genocídio de 6
milhões de judeus.
O Vaticano argumenta que Pio
12 não condenou em público com
maior contundência os crimes
nazistas porque temia agravar a
situação dos católicos, assim como a dos judeus, na Alemanha e
em países ocupados pelas tropas
de Hiltler.
"Não há dúvida de que a abertura desses arquivos é uma decisão
importante. O problema é que
eles nem mesmo mencionam o
período mais importante, que é
aquele da guerra propriamente
dita", disse Amos Luzzatto, diretor da União das Comunidades
Ítalo-Judaicas.
"E não importa o quanto abram
os seus arquivos, há uma coisa
que nunca encontrarão: uma declaração pública e aberta contra o
anti-semitismo durante a guerra", acrescentou.
O cardeal Mejia disse que o Vaticano tem também planos de publicar uma série de seis CD-ROMs
com todas as cartas mandadas ao
Vaticano por pessoas que procuravam por prisioneiros de guerra
e desaparecidos entre 1940 e 1946.
Ainda não está claro, entretanto, quando a igreja pretende abrir
os seus arquivos secretos, do mesmo período, que reúnem os documentos que os grupos judaicos
mais desejam ver.
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