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O IMPÉRIO VOTA - RETA FINAL
Campanha pode se voltar para temas que favorecem o presidente
Fita é um "presente" para Bush, dizem analistas dos EUA
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
Querendo ou não, Osama bin
Laden acaba de ajudar George W.
Bush em sua campanha para se
reeleger presidente dos EUA.
Com a corrida eleitoral empatada
a apenas quatro dias do pleito, isso pode culminar na vitória do republicano, segundo analistas
americanos.
"[A divulgação do vídeo] favorece Bush de modo tão claro que
você tem de se perguntar quem
Bin Laden quer que ganhe as eleições", disse à Folha Patrick Basham, especialista em opinião pública e eleições do Instituto Cato,
em Washington. "A fita é sobre
Bush ser um mau presidente, mas
parece que ele [Bin Laden] foi mal
orientado."
Mas para James Zogby, do Instituto Árabe-Americano, "não há
dúvida de que Bin Laden prefere
Bush na Casa Branca". "A Guerra
do Iraque foi uma ferramenta fantástica de recrutamento [terrorista], e ele é inteligente o bastante
para saber que [o vídeo] ajuda
Bush", afirmou Zogby à agência
Reuters de notícias.
Segundo analistas, o vídeo voltará toda a atenção da mídia e do
público nos últimos dias de campanha para a guerra ao terror
-exatamente o tema em que
Bush tem o melhor desempenho
sobre seu adversário, John Kerry.
Pode ser, como os democratas
passaram meses temendo, a chamada "surpresa de outubro"
-no jargão político americano,
um fato que surge no noticiário
nos últimos dias de campanha para mudar a história da disputa.
Presente para Bush
"Os estrategistas da campanha
de Bush podem não estar felizes
com o fato de Bin Laden estar fazendo vídeos, mas, em termos políticos, é um presente para eles
após uma semana tão difícil",
afirmou Basham, referindo-se ao
sumiço de 350 toneladas de explosivos no Iraque, repetida por
Kerry em acusações contra Bush.
"O argumento de Kerry de que a
guerra ao terror é contra Al Qaeda, e não o Iraque, tem sido efetivo em certa medida. Mas agora
Bin Laden se colocou no centro da
eleição. O que Kerry vai responder quando Bush disser que vai
redobrar esforços e caçar Bin Laden? Vai dizer que concorda, que
já havia avisado, mas isso não tem
o mesmo peso que os argumentos
sobre os erros cometidos no Iraque", disse.
"Se perguntássemos para ambos os comitês de campanha nesta manhã [ontem] em que eles
preferiam que a mídia centralizasse o fim da campanha, os assessores de Kerry diriam que é na
assistência médica ou nas coisas
que deram errado no Iraque. A
campanha de Bush diria sem pestanejar que era a guerra ao terror e
a Al Qaeda."
De acordo com Basham, os eleitores se verão diante da opção de
trocar de comandante-em-chefe
ou não "quando o maior inimigo
do país acaba de declarar nova
guerra aos EUA". E, segundo o
cientista político Michael Lewis-Beck, da Universidade de Iowa,
"ameaças externas normalmente
ajudam o comandante-em-chefe". "As pessoas se assustam e se
enrolam na bandeira", disse à
Reuters.
E, segundo os especialistas, nem
seria preciso convencer muitos.
"Como a eleição está muito apertada, Bush só precisa conquistar o
apoio de uma porcentagem muito
pequena, que isso já fará toda a diferença do mundo", afirmou Basham.
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