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GUERRA SEM LIMITES
Explosões sincronizadas visaram mercados lotados em Nova Déli às vésperas de feriados islâmico e hindu
Ataque triplo deixa 58 mortos na Índia
DA REDAÇÃO
Uma série de explosões atingiu
ontem Nova Déli, capital da Índia,
causando a morte de pelo menos
58 pessoas, muitas das quais faziam compras para os principais
feriados hindu e muçulmano, que
ocorrem nos próximos dias.
Dez pessoas foram detidas para
serem interrogadas sobre as explosões, que ocorreram com poucos minutos de diferença. Duas
delas tiveram como alvos mercados repletos de gente.
Em entrevista à Folha Online
por telefone, o brasileiro Victor
Demian de Oliveira, 33, que passa
férias no local, contou que, apesar
do policiamento ter sido reforçado, os oficiais não estavam fazendo revistas nem usando instrumentos para identificar bombas.
"Não há como saber se alguém do
meu lado tem explosivo", disse.
O primeiro-ministro da Índia,
Manmohan Singh, pediu às pessoas que permanecessem calmas
e divulgou uma nota afirmando
que a Índia "vencerá a batalha
contra o terrorismo". A nota foi lida na rede de TV CNN por um de
seus principais conselheiros, Sanjaya Baru, que disse que as explosões foram obra de terroristas,
mas não nomeou suspeitos.
Na mesma linha, a ministra-chefe do Estado de Déli, Sheila
Dikshit, afirmou: "É cedo para dizer quem está por trás disso".
Kofi Annan, secretário-geral da
ONU, pediu ao governo indiano
que os autores do atentados sejam
levados à Justiça o quanto antes.
A Índia celebrará o Diwali, o
mais importante festival hindu,
na terça. Dias depois, os muçulmanos comemorarão o Eid al Fitr,
fim do mês sagrado de Ramadã.
As explosões deflagraram um
alerta nacional de segurança, com
medidas especialmente severas
em Mumbai (ex-Bombaim).
Parvinder Singh correu para o
hospital em busca de seu irmão e
de sua cunhada, que compravam
no distrito de Paharganj, local da
primeira explosão. "Vi a lambreta
deles queimada. Não sei se estão
vivos ou mortos", disse Singh.
Paharganj abriga um mercado
muito freqüentado por indianos e
por mochileiros ocidentais.
A segunda explosão ocorreu no
mercado Sarojini Nagar, no sul da
cidade. A TV indiana mostrou
imagens de corpos carbonizados
sendo retirados dos escombros.
A terceira explosão ocorreu em
Govindpuri, área industrial também no sul da cidade. "Foi tão poderosa que chacoalhou um posto
de polícia distante dali", disse um
policial. Uma quarta explosão foi
noticiada e depois desmentida.
Ações simultâneas e que visam
a provocar o maior número de vítimas possível são uma das marcas da rede terrorista Al Qaeda, de
Osama bin Laden. Muitas vezes, a
Al Qaeda se associa a grupos locais para realizar ataques.
O governo indiano ainda enfrenta a oposição de dezenas de
organizações, como os bem armados rebeldes da Caxemira, que
lutam pela independência da região de maioria muçulmana.
O governo indiano acusa o vizinho Paquistão, o primeiro país a
condenar o atentado, de armar e
incentivar grupos rebeldes.
Ontem, porém, Índia e Paquistão anunciaram que abrirão, no
próximo dia 7, sua fronteira militar na disputada Caxemira, para
ajudar as vítimas do terremoto
que matou quase 80 mil pessoas
na região em 8 de outubro.
Com agências internacionais e com a Folha Online
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