São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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GUERRA SEM LIMITES

Explosões sincronizadas visaram mercados lotados em Nova Déli às vésperas de feriados islâmico e hindu

Ataque triplo deixa 58 mortos na Índia

DA REDAÇÃO

Uma série de explosões atingiu ontem Nova Déli, capital da Índia, causando a morte de pelo menos 58 pessoas, muitas das quais faziam compras para os principais feriados hindu e muçulmano, que ocorrem nos próximos dias.
Dez pessoas foram detidas para serem interrogadas sobre as explosões, que ocorreram com poucos minutos de diferença. Duas delas tiveram como alvos mercados repletos de gente.
Em entrevista à Folha Online por telefone, o brasileiro Victor Demian de Oliveira, 33, que passa férias no local, contou que, apesar do policiamento ter sido reforçado, os oficiais não estavam fazendo revistas nem usando instrumentos para identificar bombas. "Não há como saber se alguém do meu lado tem explosivo", disse.
O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, pediu às pessoas que permanecessem calmas e divulgou uma nota afirmando que a Índia "vencerá a batalha contra o terrorismo". A nota foi lida na rede de TV CNN por um de seus principais conselheiros, Sanjaya Baru, que disse que as explosões foram obra de terroristas, mas não nomeou suspeitos.
Na mesma linha, a ministra-chefe do Estado de Déli, Sheila Dikshit, afirmou: "É cedo para dizer quem está por trás disso".
Kofi Annan, secretário-geral da ONU, pediu ao governo indiano que os autores do atentados sejam levados à Justiça o quanto antes.
A Índia celebrará o Diwali, o mais importante festival hindu, na terça. Dias depois, os muçulmanos comemorarão o Eid al Fitr, fim do mês sagrado de Ramadã.
As explosões deflagraram um alerta nacional de segurança, com medidas especialmente severas em Mumbai (ex-Bombaim).
Parvinder Singh correu para o hospital em busca de seu irmão e de sua cunhada, que compravam no distrito de Paharganj, local da primeira explosão. "Vi a lambreta deles queimada. Não sei se estão vivos ou mortos", disse Singh.
Paharganj abriga um mercado muito freqüentado por indianos e por mochileiros ocidentais.
A segunda explosão ocorreu no mercado Sarojini Nagar, no sul da cidade. A TV indiana mostrou imagens de corpos carbonizados sendo retirados dos escombros.
A terceira explosão ocorreu em Govindpuri, área industrial também no sul da cidade. "Foi tão poderosa que chacoalhou um posto de polícia distante dali", disse um policial. Uma quarta explosão foi noticiada e depois desmentida.
Ações simultâneas e que visam a provocar o maior número de vítimas possível são uma das marcas da rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden. Muitas vezes, a Al Qaeda se associa a grupos locais para realizar ataques.
O governo indiano ainda enfrenta a oposição de dezenas de organizações, como os bem armados rebeldes da Caxemira, que lutam pela independência da região de maioria muçulmana.
O governo indiano acusa o vizinho Paquistão, o primeiro país a condenar o atentado, de armar e incentivar grupos rebeldes.
Ontem, porém, Índia e Paquistão anunciaram que abrirão, no próximo dia 7, sua fronteira militar na disputada Caxemira, para ajudar as vítimas do terremoto que matou quase 80 mil pessoas na região em 8 de outubro.


Com agências internacionais e com a Folha Online

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